O ministro do Exterior iraquiano, Naji Sabri, elogiou o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) por "frustrar" a tentativa americana de usar o órgão para conseguir um 'alvará' para atarcar o Iraque. Sabri se referia à resolução aprovada pelo Conselho, na sexta-feira, que estabelece novas condições para a inspeção de armas, mas não o uso automático de força contro o Iraque, caso o país não obedeça os termos da resolução. O ministro informou que as autoridades iraquianas estavam estudando a resolução da ONU e que a "posição do Iraque seria anunciada mais tarde". A resolução, aprovada com unanimidade por todos os quinze membros do Conselho de Segurança, dá ao Iraque sete dias para aceitar a condição de acesso irrestrito aos inspetores, incluindo os palácios presidenciais. Agressão americana Sabri deu a sua primeira declaração desde que a nova resolução da ONU foi aprovada em Cairo, no Egito, onde se encontra com o ministro do Exterior do país, para se preparar para o encontro da Liga Árabe, no fim de semana. Ele disse que a resolução mostrou que a comunidade internacional não compartilha do "apetite da administração maligna americana por agressão, morte e destruição". A correspondente da BBC em Bagdá, Caroline Hawley, disse que a televisão estatal iraquiana levou horas para divulgar a aprovação da resolução. Já a agência de notícias oficial descreveu a medida como injustificada e como resultado de uma chantagem americana. Hawley acredita que o fato de que o governo anunciou que está estudando a resolução indica que Saddam Hussein está se preparando para aceitar o ultimato da ONU. Síria A mídia iraquiana também condenou o governo da Síria - único país árabe do Conselho de Segurança - por ter dado seu voto a favor do documento. Um jornal, cujo dono é o filho mais velho de Saddam Hussein, disse que a Síria havia atacado o Iraque pelas costas. De acordo com a reportagem, a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança não tem nada de novo. "O conteúdo é uma repetição de tudo o que nós tínhamos rejeitado anteriormente e uma confirmação das intenções de agressão do presidente Bush contra o Iraque". Acreditava-se que a Síria iria se abster de votar. O país havia pedido que que a votação fosse adiada para depos do encontro da Liga Árabe neste fim de semana. Mas depois de muitos telefonemas por parte de vários líderes mundiais, o presidente sírio, Bashir al-Assad, decidiu apoiar a resolução. A rádio síria defendeu a posição do governo, dizendo que a decisão ajudaria a evitar uma ação militar. Inspeções O chefe da equipe de inspeções da ONU, Hans Blix, afirmou que os inpetores deverão retornar ao Iraque no dia 18 de novembro. Blix disse à BBC que agora há uma determinação ainda maior do que a que havia depois da Guerra do Golfo, em 1991. "Dessa vez não há a disposição de mostrar tolerância", afirmou. Ainda que não haja o requerimento para que uma segunda resolução seja aprovada, autorizando o uso de força, o Conselho de Segurança poderá voltar a discutir o assunto, caso os inspetores informem que o trabalho deles foi prejudicado por Saddam Hussein.
Iraque diz que ONU 'frustrou' planos americanos
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Sábado, 09 de Novembro de 2002 às 14:14, por: CdB