Dois importantes personagens nos 444 dias de ocupação da embaixada dos Estados Unidos em Teerã, entre 1979 e 1980, negaram na quinta-feira que o presidente eleito do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, tenha participado da ação que levou Washington a romper relações com o país.
- Ahmadinejad não estava entre aqueles que ocuparam a embaixada norte-americana depois da revolução - disse Abbas Abdi, que ajudou a orquestrar a invasão e o sequestro dos funcionários após a Revolução Islâmica de 1979.
Ao todo, 52 norte-americanos passaram 444 dias presos. Décadas depois do rompimento de relações, o presidente George W. Bush incluiu o Irã na lista de inimigos chamada de "eixo do mal" e acusou o país de desenvolver armas nucleares - o que Teerã nega.
Em entrevista ao jornal Washington Times, divulgada na quinta-feira, três norte-americanos que foram reféns na embaixada em 1979 disseram se lembrar de Ahmadinejad como sendo um dos comandantes da operação.
- Ele era um dos dois ou três líderes principais", disse o coronel da reserva Charles Scott, de 73 anos.
-O novo presidente do Irã é um terrorista - acrescentou.
Outro antigo refém, o capitão da Marinha Donald Sharer, que hoje está na reserva, lembra de Ahmadinejad como um "indivíduo cruel, linha-dura", segundo o jornal.
- Eu sei que ele era um interrogador - disse Sharer, de 64 anos. Ele disse ao Times que foi interrogado por Ahmadinejad, mas não se lembrava sobre que assunto.
Mas Abdi, ex-estudante revolucionário que depois se tornou um reformista radical e foi preso em 2002 por vender informações a estrangeiros, inclusive à empresa norte-americana de pesquisas Gallup, disse que os ex-reféns citados no jornal têm memória fraca.
O Times disse que Ahmadinejad era um universitário de 23 anos em novembro de 1979, quando a embaixada foi ocupada, e que havia ajudado a fundar um grupo estudantil radical que organizou a ação.
Mohsen Mirdamadi, outro líder do sequestro, negou as informações do Times.
- Nego tais relatos. Ahmadinejad não era um membro do grupo de estudantes radicais que ocupou a embaixada ¬ disse o ex-parlamentar Mirdamadi, que, a exemplo de vários outros ex-sequestradores, é agora um inflamado defensor da necessidade de reformas no sistema político do Irã.
A assessoria do presidente eleito negou que ele tenha participado da ocupação da embaixada.
Adversários de Ahmadinejad, ex-membro da radical Guarda Revolucionária, acusaram-no durante a campanha de ter participado de operações clandestinas no exterior durante a guerra contra o Iraque (1980-88). Seus aliados negam veementemente as acusações.