O governo do Irã rejeitou no sábado pedidos europeus que exigem que o país interrompa partes de seu programa atômico, dizendo que continuará com os planos para construir um reator de água pesada.
"Não aceitaremos nenhuma nova obrigação", disse o ministro das Relações Exteriores, Kamal Kharrazi, durante uma entrevista coletiva. "Se alguém nos pedir para desistir das indústrias Isfahan para converter bolo amarelo em gás de urânio hexafluoreto ou para desistir das usinas de água pesada em Arak, não podemos aceitar pois tal exigência é contraditória com os nossos direitos legais."
Bolo amarelo é um minério de urânio processado extraído perto da cidade desértica de Yazd. O gás urânio hexafluoreto é bombeado em centrífugas que enriquecem o urânio ao girá-lo.
Os Estados Unidos dizem que o Irã está usando o programa como fachada para construir a bomba atômica, mas o país insiste que seus cientistas estão trabalhando unicamente em formas de atender à demanda interna de energia elétrica.
Inglaterra, Alemanha e França redigiram uma resolução esta semana criticando a não-cooperação do Irã com a agência de inspeção nuclear da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O documento, que será debatido em uma reunião de cúpula da AIEA a partir de segunda-feira, pede que o Irã interrompa a operação de conversão de urânio em uma usina perto Isfahan e reverta a decisão de construir um reator de água pesada perto da cidade industrial de Arak.
O reator de água pesada que o país decidiu construir seria capaz de produzir armas de plutônio. Kharrazi disse que o reator ainda está sendo projetado e que não sabia quando a construção vai começar.
O Irã prometeu suspender o enriquecimento de urânio no ano passado, mas o pedido europeu de interromper os trabalhos em Isfahan e Arak é novo.
O urânio com pouco enriquecimento pode ser usado em estações de energia nuclear como a que está sendo construída em Bushehr, mas se enriquecido ainda mais pode ser usado em armas nucleares.
Caso o Irã não resolva sua contenda nuclear com a AIEA, a discussão pode ser levada ao Conselho de Segurança da ONU, que poderá impor sanções ao país.