A estratégia saudita de minar o acordo nuclear e preservar ou ainda agravar as tenções na região tem três componentes, exercer pressão sobre o Ocidente
Por Redação, com Sputnik Brasil - de Cabul:
A Arábia Saudita tenta fomentar o conflito na região e minar a implementação do acordo sobre o programa nuclear iraniano, disse o chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif.
– Pouco depois de o acordo nuclear interino ter sido assinado em novembro de 2013, a Arábia Saudita começou a desviar os seus recursos para que o acordo fracassasse, com receio de que a sua hostilidade artificial para com o Irã tivesse que terminar.
Hoje, Riad não somente continua obstaculizando a normalização mas está determinada a envolver toda a região na confrontação”, escreveu Zarif no domingo em um artigo no jornal norte-americano The New York Times.
Segundo o ministro, Riad teme que, assim que a comunidade internacional deixe de considerar o programa nuclear iraniano como uma ameaça, prestará atenção ao fato de que a Arábia Saudita financia o terrorismo.
– A estratégia saudita de minar o acordo nuclear e preservar ou ainda agravar as tenções na região tem três componentes, exercer pressão sobre o Ocidente, promover a instabilidade regional travando uma guerra no Iêmen e financiando extremismo, e provocar o Irã – disse Zarif.
Em 6 de janeiro, o Sheikh Nimr e outros 46 prisioneiros foram executados por Riad sob a acusação de terrorismo, desencadeando uma onda de revoltas em diversas partes do Oriente Médio, com destaque para o Irã. Participantes de protestos irromperam na embaixada da Arábia Saudita no Irã, o que resultou em rompimento das relações diplomáticas com o Irã pela Arábia Saudita.
Novas medidas
A Arábia Saudita acusou o Irã de não agir como uma nação, e disse que está considerando novas medidas contra o seu rival regional, enquanto as tensões entre os dois países se agravaram ainda mais após a execução de um clérigo xiita dissidente pelo reino saudita.
– O Irã tem que decidir se é uma nação ou uma revolução. Se é uma nação, deve agir como tal", disse neste sábado o chanceler saudita, Adel al-Jubeir, após uma reunião de emergência em Riad com os seus aliados árabes do Golfo Pérsico para discutir a crise com o Irã. "Nós estudamos medidas adicionais a serem tomadas contra o Irã, se o país continuar com suas políticas atuais – completou o ministro.
Os ministros das Relações Exteriores do Conselho de Cooperação do Golfo, um bloco de seis países que inclui a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, Qatar, Kuwait, Bahrein e Omã, se reuniram neste sábado em meio a preocupações de que a disputa entre a Arábia Saudita sunita e o Irã xiita pode levar a sérias repercussões para outros conflitos na região.
Os países do CCG, em uma declaração conjunta, pediram ao Irã que "respeite o princípio da boa vizinhança em palavras e ações" e "pare as atividades que causam instabilidade na região." A Arábia Saudita e o Irã travam uma batalha por maior influência no Oriente Médio, principalmente em linhas sectárias.
A escalada das tensões poderia complicar os esforços de paz no Iêmen, onde a Arábia Saudita está liderando uma coalizão de países árabes sunitas contra os rebeldes houthis, que recebem apoio do Irã. Além disso, o Irã é o mais importante apoiador do presidente sírio, Bashar Assad, enquanto a Arábia Saudita está comprometida com a sua remoção.
O ministro saudita al-Jubeir disse que o reino continua comprometido com o processo de paz tanto no Iêmen quanto na Síria, reiterando a posição da Arábia Saudita de que Assad não pode ser parte do futuro na Síria. "A crise com o Irã não muda nossa posição", disse ele.
A execução de Nemer al-Nemer pelo governo saudita desencadeou a raiva em todo o mundo muçulmano xiita, e provocou protestos em Teerã, Bagdá e Beirute. Uma semana atrás, manifestantes no Irã atacaram a embaixada da Arábia Saudita em Teerã, além do seu consulado na segunda maior cidade do Irã, Mashhad, levando a Arábia Saudita a cortar os laços diplomáticos com o país e retirar seu embaixador e toda a equipe da embaixada.
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