A Interpol, polícia internacional, está investigando a grilagem de 100 mil hectares de terras do patrimônio do Estado do Piauí, que eram devolutas nos municípios de Bom Jesus, Ribeiro Gonçalves, Baixa Grande do Ribeiro e Uruçuí, na região dos Cerrados. A operação é feita desde março e em caráter confidencial e sob sigilo rigoroso.
Mesmo tendo confirmado a investigação de grilagem de terras, na região dos Cerrados, o presidente do Instituto de Terras do Piauí, Francisco Guedes, se disse intrigado pelo fato da informação sigilosa ter vazado para a imprensa. A investigação não foi passada para a Polícia Federal (PF) para evitar vazamento e garantir seu caráter confidencial.
A denúncia foi feita pelo grupo da Holanda que comprou grandes extensões de terras nos Cerrados do Piauí para plantio de soja por descobrir que as mesmas terras já tinham sido vendidas por milhões de dólares para pelo menos duas outras pessoas. O escândalo, segundo setores da Presidência da República, tem o poder da recente descoberta de que diretores de órgãos públicos ambientais aceitavam propina de madeireiras que devastaram a floresta Amazônica.
Guedes disse que foi comunicado em março pela Interpol sobre as investigações e afirmou que a investigação está sendo executada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ligada à Presidência da República.
A Justiça Federal já autorizou a quebra de sigilo telefônico de empresários e autoridades estaduais que possam estar envolvidas na grilagem de terras nos Cerrados piauienses.
Francisco Guedes afirmou que as investigações da Interpol são sobre a grilagem de terras na região dos Cerrados na década de 90.
- Por muito tempo, o Estado permitiu que muitos empresários se arvorassem e começassem a vender terras públicas. Essa ausência do Estado foi muito prejudicial - declarou Guedes.
Essas terras foram vendidas para grupos empresariais dos Estados Unidos, Argentina e Portugal e para produtores rurais de soja do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.