Inquérito sobre morte de premier libanês deve investigar sírios

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado sexta-feira, 17 de junho de 2005 as 10:38, por: CdB

O chefe do inquérito realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) a respeito do assassinato do primeiro-ministro libanês Rafik Al Hariri deu sinais nesta sexta-feira de que sua equipe investigará autoridades sírias envolvidas com as forças de segurança no Líbano.

– Claro que investigaremos todo mundo que, de uma forma ou de outra, era responsável pela segurança no Líbano na época do crime – disse Detlev Mehlis, quando questionado, em uma entrevista coletiva, se sua equipe teria poderes para interrogar autoridades e membros dos serviços de inteligência da Síria.

Muitos libaneses atribuem aos sírios uma responsabilidade ao menos indireta pelo assassinato, ocorrido em 14 de fevereiro. No atentado a bomba realizado em Beirute, também foram mortas outras 20 pessoas.

Depois do assassinato, manifestantes tomaram as ruas da capital para exigir a retirada das forças sírias do país e para pedir uma investigação internacional a respeito do crime.

A Síria, que negou envolvimento no assassinato, retirou seus soldados do Líbano em abril, depois de décadas de permanência no país vizinho.

O Conselho de Segurança da ONU ordenou a investigação, que começou na quinta-feira, depois de uma missão preliminar da entidade ter avaliado como “seriamente falho” o inquérito conduzido por autoridades libanesas.

Mehlis, um experiente promotor alemão, disse que sua comissão precisa receber informações relevantes.

– Qualquer país que possua tais informações, sejam elas provas materiais ou informações de teligência, e que não as fornecer à comissão terá responsabilidade caso fracassemos em nossos esforços para descobrir a verdade – afirmou.

A missão da ONU comandada pelo vice-comissário de polícia da Irlanda, Peter Fitzgerald, acusou serviços de inteligência da Síria de serem responsáveis pela falta de segurança, proteção e ordem no Líbano.

As forças de segurança libanesas, de outro lado, trataram com “negligência sistemática” o caso e retiraram, adulteraram ou destruíram provas da cena do crime, escreveu Fitzgerald.

Mehlis agora tem três meses para concluir suas investigações. Caso necessite de mais tempo, o prazo pode ser prorrogado.