O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) superou as previsões em novembro, mesmo tendo desacelerado em relação ao mês anterior. Analistas ponderaram, no entanto, que as pressões concentraram-se em alimentos e o dado não acaba com a possibilidade de um corte maior do juro em dezembro, visão que pode ser reforçada por números fracos sobre o crescimento no terceiro trimestre. O IGP-M subiu 0,40%, seguindo a alta de 0,60% em outubro, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV), nesta terça-feira. A expectativa média de analistas era de 0,30%.
Outro índice divulgado recentemente, o IPCA-15 de novembro, também ficou acima do esperado, mostrando aceleração para 0,78%, ante 0,56% em outubro. Os núcleos, no entanto, desaceleraram ligeiramente. A desaceleração da alta do IGP-M deveu-se a uma menor alta dos custos de combustíveis. Já os alimentos evitaram uma queda maior e fizeram com que o índice ficasse acima do do esperado.
- Foi (o grupo) Alimentação. Todo o resto veio em linha. Os preços agrícolas vinham em desaceleração nas prévias de novembro e deram uma repontada agora. Preços de alimentos são cíclicos. Do mesmo jeito que eles sobem bastante, eles caem bastante. Eles se anulam, então alimentos não deveriam direcionar a política monetária - disse Tatiana Pinheiro, economista do ABN Amro.
Ela acrescentou que ainda aguarda mais dados, como o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que será divulgado na quarta-feira, e o IPCA de novembro. Por enquanto, sua previsão é de aceleração do corte da Selic em dezembro, em 0,75 ponto percentual. Muitos analistas têm dito que, se for confirmada a previsão de retração da economia no trimestre, o BC terá mais motivos para acelerar o afrouxamento monetário, já que a inflação vem sendo pressionada basicamente por fatores pontuais e a expectativa inflacionária está próxima à meta.
A previsão média de 15 analistas ouvidos em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters, nesta semana, apontou contração do PIB de 0,33 % sobre o segundo trimestre e crescimento de 2,16% ante o terceiro trimestre de 2004.
Ítens do IGP-M
O Índice de Preços no Atacado (IPA) subiu 0,40% em novembro, ante 0,72% no mês passado. O IPA industrial teve alta de 0,21%, frente a 1,21% em outubro, enquanto o IPA agrícola avançou 0,99% em novembro após cair 0,81%. Os preços no atacado do subgrupo combustíveis passaram de alta de 7,17% em outubro para variação positiva de 0,30% agora, mas os de alimentos in natura saíram de queda de 1,7% para alta de 1,5% em novembro.
Tiveram forte alta os custos de bovinos (+4,36%), café em coco (+8,91%) e batata-inglesa (+59,23%).
- Houve aumento de tubérculos e de hortifruti, que é sazonal. Tem a carne também em alta, por conta do represamento do boi no pasto (após a descoberta de focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul) - acrescentou Tatiana.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) elevou-se em 0,46%, comparado com 0,42% em outubro. Os custos do grupo Alimentação no varejo avançaram 0,99% depois de caírem 0,26% em outubro. Os preços de hortaliças e legumes e de frutas interromperam a queda de outubro e subiram, respectivamente, 6,71% e 2,77%. Por outro lado, os de Transportes desaceleraram o aumento para 0,59%, ante 2,24% no mês passado. O Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) teve variação positiva de 0,29%, ante 0,28% no mês anterior. No ano, o IGP-M acumula alta de 1,22% e nos últimos 12 meses, de 1,96%.