Ainda que de maneira tímida, começam a aparecer os primeiros indicadores de atividade que apontam para uma possível reversão do desaquecimento na economia.
Analistas têm se debruçado sobre os números - de junho e julho - para confirmar se tais números revelam uma tendência ou apenas um alívio temporário após a redução dos juros.
A produção de bens de consumo duráveis, segmento que mais sofreu com a retração nos meses anteriores devido à sensibilidade ao crédito, é a que traz novidades mais positivas.
Retirando a sazonalidade dos números e aplicando uma média móvel de três meses (que segundo os economistas evita certos 'ruídos' nas comparações, como diferenças no número de dias úteis de cada mês), os dados de produção industrial do IBGE, segundo o banco HSBC, mostram uma queda da indústria como um todo em junho de 0,9% sobre maio. No mesmo período, o segmento de duráveis cresceu 2,6%.
- É o primeiro dado positivo nos bens duráveis após cinco meses consecutivos de queda. E são justamente os duráveis que costumam liderar a reversão dos ciclos econômicos - disse o economista-chefe do HSBC, Alexandre Bassoli.
Para o economista Andrei Spacov, do Unibanco, a indústria como um todo tem quedas acentuadas, mas há segmentos, como os duráveis, que começam a mostrar alguma recuperação.
Boa parte dessa retomada nos duráveis foi resultado da indústria automobilística. Segundo os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) até julho, a produção dessazonalizada aumentou 0,7%, período em que as vendas no mercado doméstico cresceram 3,7%, de acordo com o Unibanco.
Até então, essas vendas internas registravam queda de 8,3%. Ao mesmo tempo, as vendas voltadas ao mercado externo, que chegaram a experimentar crescimentos de quase 80% no primeiro semestre, começam a registrar pequena queda, de 1,5%.
- É o segundo mês consecutivo em que as vendas internas crescem - diz Spacov, destacando sempre a dessazonalização e a média móvel nos cálculos.
- Claramente, a demanda interna começa a se recuperar dos 'vales' em que estava nos meses anteriores - disse ele, acreditando que recuperação está ligada com baixa na taxa de juros.
A aparente reversão na produção de bens duráveis também começa a se refletir nos dados de varejo. Sobre os últimos números Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, os economistas do Unibanco concluem que o mês de junho registrou o primeiro crescimento - da média móvel de três meses dessazonalizada - desde outubro.
De outubro até maio, a queda acumulada é de 6,9%. Em junho, o varejo aponta um crescimento de 1,6%.
- Além disso, todos os subsetores pesquisados registraram taxas positivas, com exceção apenas do vestuário. Eletroeletrônicos e móveis registraram crescimento de 5% na série dessazonalizada - afirma Spacov, autor de um levantamento recente que também revela outros pontos de uma possível reversão.
Pelos dados da CNI, a atividade industrial, que vinha de uma queda forte de 4,1% em maio, passou para uma queda de apenas 0,2% em junho e estima-se que possa voltar para o campo positivo em julho, assim como a utilização da capacidade instalada.
O indicador de horas trabalhadas mostra um acréscimo de 0,7% segundo os últimos dados, contra quedas consecutivas dos meses anteriores.
Já de acordo com os dados da produção industrial do IBGE, o chamado 'índice de difusão' criado no banco, mostra o porcentual dos 61 subsetores que registraram crescimento, passou de 30% de março para um nível ligeiramente acima dos 50% no último mês.
O economista-chefe do Citibank, Carlos Kawall, destaca como indicadores de uma possível reversão o crescimento recente das consultas de crédito na Associação Comercial de São Paulo e os dados ainda positivos na confiança do consumidor da Federação do Comércio.
- É difícil dizer, no entanto, se estamos mesmo diante
Indicadores mostram melhoras na economia
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Sábado, 16 de Agosto de 2003 às 17:50, por: CdB