Rio de Janeiro, 23 de Janeiro de 2025

Incêndio destrói prédio histórico de Ouro Preto

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Terça, 15 de Abril de 2003 às 05:56, por: CdB

Uma parte do centro histórico de Ouro Preto foi reduzida a cinzas durante a madrugada de hoje. Um casarão do século XVIII, localizado no coração da primeira cidade brasileira declarada Patrimônio da Humanidade, foi completamente destruído em um incêndio que durou menos de uma hora. Outro casarão vizinho, da mesma época, foi parcialmente consumido pelas chamas e outros próximos ficaram com a estrutura comprometida. A falta de equipamentos do Corpo de Bombeiros contribuiu para o agravamento da tragédia. O episódio ocorreu quatro dias depois da inspeção de um técnico da Unesco ao conjunto arquitetônico local. Entre os seis hidrantes instalados no centro histórico, apenas um funcionava, mas está localizado a quase um quilômetro do local do prédio incendiado, na parte baixa da cidade. Segundo o Comando do Corpo de Bombeiros do Estado, a manutenção dos hidrantes em Ouro Preto é responsabilidade da prefeitura local. O prédio destruído, em estilo barroco, onde funcionou o Hotel Pilão, ficava na Praça Tiradentes, esquina com Rua Cláudio Manoel, a poucos metros do Museu da Inconfidência. Por muito pouco, as chamas não atingiram a Câmara Municipal e o escritório do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha). O incêndio começou no segundo andar do prédio, na loja da joalheria Amsterdam Sauer, pouco depois das 18 horas. Os primeiros sinais de fumaça saíram de uma janela, provavelmente da cozinha da joalheria. No casarão estava instalada ainda outra joalheria, além de uma farmácia, uma loja de artesanato, uma de eletrodomésticos e uma pousada. Poucas pessoas estavam no prédio quando o fogo começou a se alastrar e houve tempo de todas saírem. Ninguém ficou ferido. De acordo com testemunhas, os bombeiros da cidade chegaram ao local dez minutos depois de o casarão ser evacuado, mas não havia água no hidrante da praça e o carro-pipa chegou apenas meia hora depois, quando o fogo já havia se alastrado. A prefeita Marisa Xavier (PDT) não esteve no local durante a ação dos bombeiros e não se pronunciou sobre o episódio. Limitou-se apenas a divulgar, através de sua assessoria, uma nota lamentando o episódio, que poderia ter tido proporções bem maiores não fosse a intervenção do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte, localizado a quase 100 quilômetros do local do incêndio. De BH seguiram para Ouro Preto 11 viaturas e 59 homens. Apenas oito bombeiros de Ouro Preto participaram da operação. A corporação na cidade conta com 28 homens para atender 28 municípios da região. Outras 14 viaturas de apoio, a maioria caminhões-pipa, foram cedidas por empresas e prefeituras vizinhas. Cerca de 300 mil litros de água foram usados. O combate foi reforçado com o auxílio de 63 voluntários. O comandante do 6º Pelotão do Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, subtenente Jeasil Isidoro, lamentou a falta de entrosamento entre o pelotão e a prefeitura. "É uma relação que precisa ser amadurecida", disse. O assessor de Comunicação do Comando Geral do Corpo de Bombeiros, major Paulo Adriano Cunha, disse que a prefeitura e o Iepha foram alertados sobre o risco iminente de incêndios no casario da cidade. "Ouro Preto é um grande barril de pólvora prestes a ser detonado". Ele apontou a displicência das autoridades como fator crucial para que a insegurança tome conta da população. "Houve omissão total, e a responsabilidade sobre este e outros incêndios que possam ocorrer é totalmente da prefeitura", disse, reconhecendo ainda a falta de estrutura dos Bombeiros para enfrentar incêndios. "Faltou ação mais rápida e também equipamentos adequados". A perícia, segundo o delegado da Polícia Civil, Hamilton Cravo, ficará a cargo da Polícia Federal e as causas do incêndio deverão ser apuradas em 30 dias. Desolação e revolta tomaram conta da população de Ouro Preto, que, estarrecida, acompanhou de perto a ação dos bombeiros no combate ao incêndio que destruiu completamente um pedaço da história de Minas. A ameaça da Unesco de inscrever a cidad

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