Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Hospital é acusado de contaminar praia em Salvador

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Segunda, 23 de Agosto de 2004 às 07:18, por: CdB

Uma das praias mais belas da Cidade Baixa, a Pedra Furada é conhecida pela sua paisagem exuberante, principalmente se vista do alto do Bonfim. Ali se encontram barzinhos típicos da boemia praiana, onde se pode degustar o variado cardápio de frutos do mar, entre eles o tradicional siri-bóia com pirão. Mas a brisa que sopra no local, nos últimos tempos, não é nenhum convite ao lazer, muito menos aos prazeres da gastronomia. Até mesmo um olfato menos aguçado pode detectar o forte malcheiro que paira no local.

Moradores da Avenida Constelação, no Monte Serrat, apontam como principal responsável pelo odor desagradável o Hospital Couto Maia, que, segundo eles, lança parte do esgoto contaminado na Praia da Pedra Furada. A direção do hospital, especializado em doenças infecto-contagiosas como meningite, raiva e leptospirose, entre outras, nega que isso esteja acontecendo. "Todos os resíduos líquidos, após passarem pela estação de tratamento do hospital, são lançados no sistema de esgotamento sanitário do Bahia Azul", garante a diretora Carmosina Alves.

A informação foi confirmada pela própria Embasa. De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, a maioria dos domicílios, inclusive os comerciais e os dois hospitais, Couto Maia e Sagrada Família, está interligada ao sistema e, portanto, os resíduos não são lançados mais ao mar.

Mas a diretora do Couto Maia e a Embasa não souberam explicar, entretanto, a origem e a quantidade de resíduos lançados na maré em vários pontos da praia, diariamente, e, segundo os moradores, de cor preta e malcheirosa. "Duas a três vezes na semana, sobretudo à noite, alguém abre o registro e são feitas descargas. O fedor é tanto que ninguém suporta ficar em casa ou mesmo na rua. E isso só pode vir da estação de tratamento do hospital", acusa Vanessa Gomes Fernandes.

Ela mora na casa de nº 73, na parte dos fundos, e vizinha ao tanque onde o esgoto do hospital é tratado. "A água é preta como betume, fedorenta e mina no meu terreno, invadindo minha casa. Quando chove, a situação fica pior", reclama. Vanessa teme pela saúde de suas duas filhas, de 9 e 6 anos. "Até porque uma delas teve meningite. Só não sei dizer se em razão do esgoto", diz.

A diretora Carmosina Alves nega a existência de descarga ou mesmo vazamento provocado pelas chuvas e revela que esta denúncia foi feita no ano passado e o Centro de Recursos Ambientais (CRA), chamado, comprovou que não tinha fundamento. Ela explica que são dois os sistemas de captação de água no Hospital Couto Maia. O primeiro é a estação de tratamento, com capacidade para tratar cerca de 90 m³ de esgoto por dia, na modalidade de aeração interna, o que evita o mau cheiro.

"A quantidade de resíduo que entra na estação é a mesma que sai, só que tratada. E toda ela é lançada no sistema de captação do Bahia Azul. Portanto, as denúncias de que jogamos resíduo na maré não procedem", diz ela, ressalvando que a operacionalização da estação é feita por uma empresa particular que deixa um técnico 24 horas de plantão. "A vazão da água é medida de duas em duas horas por meio da Calha Pachel, exatamente para evitar que tenhamos acúmulo, e, portanto, sobrecarga, o que nunca ocorreu".

O segundo sistema é o da captação de águas das chuvas que caem nos pátios externos e no terreno do hospital. "Como o terreno é de declive, construímos calhas ao redor do muro que cerca o hospital e que o separa das casas que ficam logo abaixo. Toda esta captação também está interligada ao sistema da Embasa".

A praia, próxima à Ponta do Humaitá, fica atrás de dois hospitais: Couto Maia e Sagrada Família. "É fácil negar e dizer que a água é de galerias pluviais ou jogar a culpa nos pobres que não têm como se defender. Se não é do Couto Maia, de onde vem, então, esta água preta e fedorenta?", pergunta um outro morador, Kleber Márcio Menezes Sena, pescador.

Segundo ele e outros moradores, não é incomum sangue coagulado descer pelas manilhas e chegar

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