Rio de Janeiro, 10 de Novembro de 2024

Heranças do período Caixa D'Água

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Segunda, 26 de Abril de 2004 às 08:33, por: CdB

O bom Campeonato Carioca, recém encerrado, passou a muita gente a impressão de que os times do Rio tinham melhorado. As duas primeiras rodadas do Brasileiro mostraram que a conclusão foi apressada. Nos oito jogos que fizeram até agora, os cariocas não venceram uma sequer.
 
Isso tudo é o resultado de anos de hegemonia de figuras como Caixa D'Água no futebol de nosso estado. Ainda que haja um início de movimento para dar maior seriedade e profissionalismo aos clubes há ainda um bom caminho a ser percorrido.
 
No sábado o Flamengo mostrou, pela milésima vez, que precisa de alguém que faça gols. Sem um atacante com essa vocação (os três gols de Jean contra o Vasco foram atípicos, que ninguém se iluda), qualquer jogo contra um time retrancado é um sufoco.
 
A situação se agrava porque os dois laterais - Rafael e Roger - quase não fazem jogadas de linha de fundo. Rafael fecha sempre para o meio e Roger cruza mal. Assim, o Flamengo só vai ao fundo com Jean, que cruza para o centro-avante. Nenhum problema, não fosse ele próprio o centro-avante.
 
Diogo, Rafael Gaúcho e Flávio não são -m pelo menos, não estão sendo alternativas. Diogo caiu muito de produção e está sempre de costas para o gol. Lento, parece mais preocupado em desarmar do que em finalizar. É capaz de passar várias partidas sem dar um único chute a gol. Rafael Gaúcho não é mau, mas não tem vocação para jogador de área; está mais para armandinho. E Flávio é muito fraco tecnicamente. Perto dele, seu padrinho, Nunes, era um estilista.
 
Assim, ou o Flamengo arranja um atacante, ou não chega a lugar nenhum.
 
O Vasco sentiu a derrota nas finais do Carioca. Pode melhorar com a entrada de Petkovic. Se algum dia Marcelinho recuperar a condição de jogo, será um também reforço. O mesmo vale para o Alex Alves, se vencer o duelo com a balança. Sem eles, o time vai ser sempre limitado.
 
Os jovens que têm sido escalados como volantes - Ygor, Rodrigo Souto e Coutinho - servem mais para marcar. Júnior - o melhor dos garotos meio-campistas, caso se dedique a jogar bola e não a dar pontapés, como na final contra o Flamengo - só tem entrado no segundo tempo, talvez por não ser mais marcador. Afinal, o técnico é o Geninho, adepto de pegada forte no meio-campo..
 
O Botafogo não fez uma má partida neste domingo. Mas teve dois azares: perdeu o volante Túlio, aos 26 minutos do primeiro tempo, depois de uma entrada estúpida em Diego, e enfrentou o Santos em Vila Belmiro - o que é sempre uma parada dura. Seu futuro ainda é uma incógnita. Agora, perdeu o técnico, demissionário depois da derrota contra o Santos. Nas lista dos prováveis rebaixados tem aparecido com freqüência.
 
O Fluminense depende do que vai fazer com seu "quarteto galático". Hoje estou entre os que acham que não dá para acertar o time com todos eles. Resta saber se Ricardo Gomes vai ter retaguarda para barrar algum deles. Se isso acontecer, pode arrumar a equipe.
 
De qualquer forma, do jeito em que estão as coisas, não me parece que um dos cariocas possa disputar o título.
 
cidben@uol.com.br

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