Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Harvard pede permissão para clonar embriões humanos

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Quarta, 13 de Outubro de 2004 às 18:41, por: CdB

Pesquisadores da Universidade Harvard afirmaram na quarta-feira que solicitaram autorização para usar a tecnologia de clonagem na produção de células-tronco humanas.

Eles pretendem usar uma tecnologia similar à adotada por cientistas sul-coreanos, que em fevereiro anunciaram a clonagem de um embrião humano, como sendo uma fonte valiosa de células-tronco.

Seria o primeiro passo para o desenvolvimento de tratamentos sob medida para cada pessoa que sofra de doenças como diabetes tipo 1 (juvenil), mal de Alzheimer e mal de Parkinson.

- Estamos buscando autorização (interna) para fazer um processo chamado transferência do núcleo celular, também chamada de clonagem terapêutica -  afirmou Charles Jennings, diretor-executivo do Instituto de Células-Tronco da Harvard.

É um método semelhante ao que gerou a ovelha Dolly: um óvulo é esvaziado de seu material genético e preenchido com as células do animal ou pessoa a ser clonado. Um "gatilho" químico faz com que o óvulo se divida e cresça como se tivesse sido fertilizado por um espermatozóide. Após algumas divisões, o resultado é constituído primordialmente por células-tronco embriônicas.

Cada uma dessas células contém um "manual de instruções" do corpo e pode dar origem a qualquer tipo de tecido, se estiverem sob as condições adequadas. Esse bolo de células pode ser cultivado em laboratório durante anos a fio sem morrer, o que mantém um estoque de peças de reposição para o organismo.

As atuais leis norte-americanas proíbem o financiamento federal a pesquisas com novas células embriônicas humanas -- só estão autorizadas as linhagens já existentes antes de agosto de 2001.

Neste ano, o pesquisador Doug Melton, de Harvard, anunciou que usou verbas privadas para um outro processo, o de criar uma nova linhagem de células-tronco retiradas de embriões descartados em clínicas de fertilização.

Muitos grupos contrários ao aborto apóiam a pesquisa com esses embriões, já que eles seriam eliminados de qualquer forma. No Congresso dos EUA, também é majoritária a posição a favor dessas pesquisas.

Mas o governo Bush argumenta que não é correto usar o dinheiro de contribuintes que se opõem a elas para financiar o trabalho, e não se manifesta quanto ao uso de verbas privadas.

O uso da tecnologia de clonagem é algo muito mais polêmico. O tema chegou à campanha presidencial -- o democrata John Kerry apóia veementemente todas as pesquisas com células-tronco embriônicas, enquanto Bush é contra.

Jeannings disse que a Universidade Harvard obteve verbas "substanciais" junto a entidades benemerentes privadas, mas não citou nomes. "Esta não é uma pesquisa comercial", afirmou ele.

O Instituto pediu à Comissão de Revisão Institucional (uma espécie de comitê de ética da Harvard) autorização para prosseguir o projeto. Pacientes da rede de hospitais universitários seriam clonados, estando plenamente cientes de que suas células seriam usadas apenas para pesquisa básica, não para qualquer forma de tratamento, segundo Jennings. Ele ressaltou que a universidade se opõe ao uso da tecnologia de clonagem para permitir o nascimento de bebês.

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