A economia mundial, atingida pela guerra no Iraque, pelos temores por causa do terrorismo e pela epidemia de pneumonia atípica, está perigosamente ameaçada de entrar novamente em recessão, opinam os analistas. Segundo alguns especialistas, a recessão já é um fato e isso pode ser revelado pelas estatísticas econômicas que serão publicadas nas próximas semanas ou nos próximos meses. Com um débil crescimento nos Estados Unidos, no Japão e em vários países europeus, a taxa de crescimento da economia mundial poderá cair abaixo da barreira dos 2,5%, considerada por vários analistas como o limite de uma recessão. A economia dos Estados Unidos poderá arrastar o resto do mundo, que se veria assim privado de sua locomotiva econômica, explica Stephen Roach, economista-chefe da companhia de investimentos Morgan Stanley. "A guerra, a incerteza e a epidemia constituem um coquetel complicado para toda a economia", enfatiza. Segundo Roach, a maior parte dos grandes países industrializados sofreu um retrocesso da atividade em fevereiro e março, ao que se acrescenta agora o efeito negativo da guerra no Iraque e da epidemia de pneumonia atípica (SARS). Morgan Stanley revisou em baixa suas previsões de crescimento econômico mundial para 2003, para situá-lo em 2,4%, um nível muito próximo dos 2,2% de 2001, quando acabou a última recessão. Nos Estados Unidos, as cifras mais recentes mostram uma aceleração da redução de empregos, um enfraquecimento dos gastos de consumo e de investimentos das empresas. "A pergunta que nos fazíamos até agora era qual a probabilidade de uma nova recessão. Mas agora a pergunta é se já estamos numa recessão", declarou David Rosenberg, economista-chefe da Merril Lynch. Pela primeira vez em mais de um ano, o setor de serviços teve em março, nos Estados Unidos, um retrocesso em sua atividade, segundo as cifras publicadas esta semana pelo grupo de diretores de compras (ISM). "Como os serviços representam cerca de 75% da economia, o informe do ISM é um grave sinal de uma possível mudança na direção equivocada", enfatiza Sung Won Sohn, economista do banco Wells Fargo, que acrescenta: "Um rápido fim da guerra seria uma boa notícia para a economia". O Instituto Internacional de Finanças (IIF), que agrupa mais de 300 bancos privados no mundo, pediu esta semana ao grupo de Sete Países Mais Industrializados (G7) que tome medidas para relançar o crescimento e tranqüilizar os mercados financeiros. Se a guerra no Iraque for curta, o crescimento dos países do G7 - Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Canadá e Itália - deve ser de 1,9% em 2003 e de 2,8% em 2004, prevê o IIF. Um rápido fim da guerra daria um alívio à economia americana e mundial, mas falta saber se isso será suficiente para uma recuperação forte e duradoura. "Uma vitória no Iraque provocará, sem dúvida alguma, um aumento da confiança, que deverá traduzir na retomada dos gastos", afirma Stephen Roach, que adverte que esse fato "poderá ser de curta duração".
Guerra no Iraque e epidemia de Pneumonia atípica podem causar recessão mundial
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Domingo, 06 de Abril de 2003 às 10:59, por: CdB