No calor das noites do Carnaval carioca, uma cerveja gelada representa alívio e ânimo novo para os foliões. Para as cervejarias brasileiras, representa a maior oportunidade de marketing do ano.
O foco das campanhas publicitárias das cervejarias são os camarotes nos quais cada empresa recebe celebridades e socialites para assistirem aos desfiles das escolas de samba no Sambódromo. É a chamada "guerra das cervejas".
Quanto mais celebridades e maior atenção da mídia, melhor para a imagem da cerveja.
Não são apenas atores e atrizes nacionais e estrangeiros, além de jogadores de futebol, que contam: também influi o luxo da decoração interna de cada camarote e os vários serviços que oferecem, entre eles a culinária de chefs famosos e até mesmo massagens.
No ano passado, a Brahma atraiu para seu camarote a supermodelo Gisele Bundchen e vários atores do filme indicado ao Oscar "Cidade de Deus". Com isso, conquistou centenas de páginas de fotos nas revistas de fofocas.
Na festa deste ano, o camarote confirmou Gisele mais uma vez, além do DJ Fat Boy Slim e o ator Cameron Douglas, filho de Michael Douglas.
Todos os convidados têm que usar as camisetas da marca. Em 2001, a Brahma barrou a entrada de Arnold Schwarzenegger porque ele se recusou a vestir a camiseta.
Já a rival Schincariol confirmou a presença do ator Rodrigo Santoro e sua namorada, a modelo Ellen Jabour, além da modelo Luiza Brunet e os atores Marcello Antony, Mariana Ximenes e Marcelo Faria.
Para que não falte nada aos convidados, o quiroprático australiano Jason Gilbert, que tem entre suas clientes a atriz Nicole Kidman, estará a postos para massagear os foliões cansados de sambar.
O Carnaval carioca chega ao auge com os desfiles das principais escolas de samba, nas noites de domingo e segunda-feira.
O diretor de marketing da Schincariol, Luiz Cláudio Taya, disse que a campanha de Carnaval é como "um Papai Noel com presentes" para as empresas de cerveja, em termos do desenvolvimento de seus negócios.
As duas maiores participantes da guerra de cerveja do Carnaval carioca são a AmBev, dona da Brahma, e a empresa familiar Schincariol, rival muito menor, mas ativa.
No ano passado, a AmBev foi comprada pela belga InBev, que, com isso, se tornou a maior cervejaria do mundo. A Brahma sozinha é responsável por quase 20 por cento da cerveja vendida no Brasil.
A participação de mercado da AmBev, que inclui a marca Skol, campeã de vendas, e a Antarctica, chega a 68 por cento.
Segundo estimativas da Schincariol, a empresa vende mais de 16 por cento de toda a cerveja consumida no Brasil, sob a marca Nova Schin.
"Procuramos fortalecer a fidelidade dos consumidores através do camarote. As pessoas gostam de ver na imprensa as celebridades que vêm para cá, elas gostam de acompanhar as atividades festivas da empresa", comentou o diretor de marketing da AmBev, Carlos Lisboa.
A Brahma fundou a tradição dos camarotes há 15 anos, pelo fato de sua cervejaria fazer parte do Sambódromo. Hoje o local é usado como espaço de entretenimento para mais de 1.000 pessoas.
Os dois camarotes da Schincariol podem receber 600 foliões, mas a empresa inovou este ano, retirando as arquibancadas de espectadores da frente de seu camarote para que seus convidados possam ter uma visão melhor dos desfiles e mais espaço para pular em plena vista das câmeras de TV.
Numa aparente referência irônica ao fato de a AmBev ter sido comprada pela empresa belga, o tema do camarote da Schincariol é altamente nacionalista este ano, destacando o fato de que a Schincariol é uma empresa 100 por cento brasileira, que atende ao mercado nacional.
A empresa chegou ao ponto de dizer que não se incomodaria em ter celebridades estrangeiras em seu camarote, mas que o que realmente interessa são os convidados brasileiros.
A Brahma respondeu que a aquisição da AmBev não significa que esta vá perder suas raízes brasileiras, e, para deixar isso bem claro, financiou sua própria escola d