Cerca de 400 índios guarani-kaiowá estão acampados há 18 dias à beira da estrada que liga os municípios de Bela Vista e Antônio João, em Mato Grosso do Sul. Apesar das condições precárias, eles não estão dispostos a sair do local até que uma nova decisão judicial devolva a área de 9,3 mil hectares homologada em favor da tribo em março do ano passado.
Os guarani-kaiowá foram despejados por ordem judicial da terra Nhande Ru Marangatu em dezembro, duas semanas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) cancelar a homologação da área. Os ministros do STF devem reavaliar o caso em fevereiro. Até lá, os governos federal, estadual e municipal pretendiam abrigar os índios em fazendas ou espaços públicos próximos à região.
- Em hipótese alguma vamos aceitar propostas que nos distanciem mais da nossa terra. Não vamos largar uma coisa que é nossa, que serve de mãe pra nós. A nossa terra é insubstituível. Esperamos que a Justiça resolva logo essa questão. Não estamos acampados porque gostamos disso, mas porque é necessário na nossa luta - afirma o líder indígena guarani-kaiowá Isaías Sanches Martins.
O coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Mato Grosso do Sul, Odenir Oliveira, considera precária a situação dos índios acampados e já alertou sobre o risco de morte das crianças, mais vulneráveis à desidratação. Oliveira entende a resistência dos índios de deixar as proximidades da área, demarcada pela Funai e homologada por decreto presidencial.
- Eles sabem que se saírem dali perdem a capacidade de mobilização. A tendência é que aconteça uma acomodação em que não se buscaria a melhor solução para os índios. Queremos que eles voltem a fazer algum tipo de plantio ou produção em locais próximos. A intenção é arrendar uma área dentro dos 9,3 mil hectares para que eles não percam a possibilidade de ocupação mínima da terra - avalia o coordenador da Funai.
Guaranís-kaiowás pressionam Justiça e governo por restituição das terras
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Segunda, 02 de Janeiro de 2006 às 14:25, por: CdB