Hoje, a partir das 5 horas, os 16 mil metalúrgicos da Volkswagen em São Bernardo do Campo, em greve desde o início da semana passada, estarão reunidos em assembléia para decidir se voltam ou não ao trabalho e aceitam as condições propostas pela empresa para reverter de imediato metade das 3 mil demissões anunciadas por carta há 12 dias. Os trabalhadores farão a escolha depois de ouvirem as novas propostas da empresa negociadas pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, com a direção da Volks na Alemanha. A empresa brasileira só se pronunciará a respeito depois que a categoria anunciar sua decisão. Se o acordo for aceito, os outros 1.500 funcionários terão licença remunerada até 31 de janeiro e, neste período, 700 trabalhadores deverão aderir a um Programa de Demissão Voluntária (PDV). Na terça-feira da semana retrasada, os metalúrgicos recusaram em assembléia a proposta da empresa que oferecia diminuir em 15% jornada e salários, instalar sistema de rotatividade com dispensa de 6% da folha de pagamento por ano e reduzir em até 30% a tabela salarial para novas contratações. Dois dias depois, foi divulgado o corte. Na véspera das demissões, a Volks havia concedido três dias de licença remunerada a todos os trabalhadores. Entre as medidas a serem avaliadas deve se manter a redução de 15% da jornada nos períodos de crise. A alteração na tabela salarial para novas contratações também se confirmará, mas as novas condições só serão anunciadas na reunião com os trabalhadores. O item referente à rotatividade, no entanto, será excluído das negociações, em substituição entram os PDVs que, segundo Marinho, devem continuar a ser realizados num ritmo médio de duas vezes por ano. Além disso, o processo de avaliação de desempenho dos funcionários será reforçado, permitindo o corte em caso de insuficiência, "mas nós vamos acompanhar de perto cada caso para não haver injustiça, porque ninguém que tenha um bom trabalho passa para insuficiente de uma hora para outra", acrescentou o sindicalista. A principal pendência será buscar uma solução para a situação dos funcionários que estarão de licença até o fim de janeiro, um total de 800 postos de trabalho, já descontada a previsão de 700 demissões pelo PDV. Não serão somente os que estão na lista de demitidos que poderão aderir ao PDV, o programa estará aberto a todos os metalúrgicos. No entanto, a decisão sobre os 1.500 que irão voltar ao trabalho deve ser tomada pela empresa. Ao desembarcar sábado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos, Marinho disse estar confiante no fechamento de um acordo, acreditando na possibilidade da decisão pelo fim da greve hoje, ainda que nem todas as cláusulas sejam aprovadas de imediato. "Os trabalhadores vão precisar de um tempo para refletir sobre as propostas; e terão essa flexibilidade", disse. Competitividade - Após as demissões, a Volks divulgou que a decisão do corte foi tomada por causa da recusa dos empregados em aceitar a flexibilização da jornada de trabalho num momento em que a empresa tem necessidade de reduzir custos para aumentar sua competitividade, já que vem perdendo mercado para outras montadoras. Um operário da unidade Anchieta ganha em média R$ 1.700 enquanto na fábrica do Paraná recentemente inaugurada, o salário médio é de R$ 660. No dia seguinte ao corte, no entanto, o presidente da Volks, Herbert Demel, admitiu a possibilidade de rever parte das demissões (até 1.500 postos), dependendo do acordo que fosse fechado com os trabalhadores. Recentemente, a Volkswagen concluiu um investimento de R$ 2 bilhões na unidade Anchieta para iniciar a produção do Polo no primeiro trimestre do ano que vem. Desse recurso, R$ 880 milhões provêm de empréstimo conseguido a custos baixos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A previsão é de que a linha de montagem do Polo absorva no máximo 7 mil trabalhadores, o que, segundo Marinho, não irá ga
Greve na Volks pode terminar hoje
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Segunda, 19 de Novembro de 2001 às 07:19, por: CdB