Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Governo usará R$ 400 milhões para bloquear CPI

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Sexta, 03 de Junho de 2005 às 08:12, por: CdB

Os líderes do governo estão fazendo listas dos deputados que votaram contra a CPI dos Correios para então liberar R$ 400 milhões em emendas parlamentares. A intenção é realizar a votação para que no dia 15 de junho haja votos suficientes para que não haja a CPI - data a partir da qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desencadearia mudanças no ministério com o discurso de que reorganizou o governo politicamente após meses de crise. Deste valor, 90% serão gastos nas listas dos líderes, os outros 10% serão destinados a acordos específicos com deputados-chave ou parlamentares da oposição "convidados" a não dar presença e votar pró-CPI.

Após a fracassada operação abafa da semana passada, quando o governo não conseguiu matar a CPI retirando assinaturas de adesão ao seu requerimento de criação, o governo concluiu que tem entre 280 e 300 deputados fiéis. Esse número é suficiente para aprovar no plenário a inconstitucionalidade do requerimento de criação da CPI. O governo avalia que a oposição deva ter 180 votos. Para vencer, o governo deseja colocar em plenário 220 deputados dispostos a pagar o preço de enterrar a CPI dos Correios perante a opinião pública.

Na operação serão usados R$ 200 milhões que foram desbloqueados na semana passada devido à arrecadação tributária acima da prevista no ano e mais R$ 200 milhões de emendas do Ministério da Saúde, área que não sofreu corte oficial de gastos em 2005.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, prometeu liberar R$ 1,5 milhão de emendas ao Orçamento do ano passado para cada deputado que votar pela derrubada da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios.

Cada parlamentar tem direito a R$ 3,5 milhões por ano em emendas ao Orçamento, destinando verbas para seus redutos eleitorais, mas o governo nunca libera toda a quantia. O governo tem fornecido subsídios para que o relator escolhido na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Inaldo Leitão (PL-PB), faça um parecer o mais impecável possível. Antes de votação no plenário da Câmara, é preciso aprovar a inconstitucionalidade da CPI na CCJ da Casa.

Na reunião da quinta-feira com Lula, Renan Calheiros, presidente do Senado, e o ministro da Aldo rebelo (Coordenação Política), ficou fechada a estratégia de tentar sepultar a CPI. Na quarta, Lula se encontrou com o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) que está se credenciando para eventualmente substituir Aldo caso dê certo a operação anti-CPI.

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