Rio de Janeiro, 22 de Janeiro de 2025

Governo quer atrair Estados para o Bolsa-Família

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Segunda, 05 de Janeiro de 2004 às 08:24, por: CdB

Em 2004, ano de pleito municipal, o governo federal trabalhará para tentar evitar a apropriação política do programa Bolsa-Família. "Não se pode capitalizar politicamente em cima disso", afirma Ana Fonseca, 51, coordenadora do projeto.

Ana Fonseca negocia acordos de cooperação com os governadores estaduais. Baseando-se em experiência que conduziu em São Paulo, acha que o entendimento é essencial.

"A redução das desigualdades, o alívio da pobreza e o acesso a direitos universais de saúde e educação são compromissos de todos os entes da Federação. Então, por que competir?", indaga, em entrevista à Folha.

Para ter uma idéia da dificuldade de conciliar interesses, o Planalto começou a negociar a adesão dos governadores em setembro. Hoje, porém, as negociações só estão avançadas em 4 dos 26 Estados, além do Distrito Federal.

Ciente da dificuldade, o presidente Lula cancelou o lançamento do Bolsa-Família, em 19 de setembro de 2003, horas antes do início da cerimônia. Quem estava com o presidente afirma que, ao ver o protótipo do cartão que seria entregue aos beneficiários, ele ficou irritado porque não havia espaço para as logomarcas dos governos estaduais. "E agora, o que eu faço com os governadores?", questionou Lula, segundo relatos de participantes.

O Bolsa-Família unificou o pagamento de quatro programas sociais -Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Auxílio-Gás e Cartão-Alimentação. Repassa entre R$ 50 e R$ 95 mensais a famílias com renda familiar per capita de até R$ 50. Foi lançado em outubro e atendeu, até dezembro, a 3,6 milhões de famílias. Pretende chegar a 11 milhões até 2006.

Só que, sem a adesão dos governadores, Fonseca não faz o prognóstico de atendimento de 2004.
"Posso dizer que vou gastar todo o dinheiro do programa da mesma forma como fiz no ano passado." Rindo, completou: "Raspei o tacho". A meta de atendimento foi ultrapassada em 15 mil famílias e o orçamento para este ano é de R$ 5,3 bilhões.

O Bolsa-Família já é o maior programa de transferência de renda da América Latina, mas o gabinete de Ana Fonseca fica num dos anexos do Palácio do Planalto, distante do centro do poder. "Só o que me falta é esse monte de salamaleque."

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