Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Governo e oposição travam queda de braço no Plenário

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Quarta, 28 de Setembro de 2005 às 11:36, por: CdB

A eleição para a Presidência da Câmara reservou, ao longo do dia, surpresas para todos os gostos do Plenário lotado e deixou clara a disputa entre oposição e governo. Desde a retirada da candidatura do peemedebista Michel Temer, presidente do partido, até o discurso do ex-militar Jair Bolsonaro (PP-RJ), no qual avisou que nem ele iria votar no próprio nome e pretendia apenas utilizar o tempo destinado à campanha dos parlamentares para fazer oposição do governo federal, as bancadas dos partidos dividiram-se no apoio a apenas dois dos postulantes ao segundo posto na sucessão presidencial. Aldo Rebelo (PC do B-SP) e José Thomaz Nonô (PFL-AL), os finalistas na disputa à cadeira ocupada por Severino Cavalcante, que renunciou ao mandato acusado de corrupção.

Nonô, em seu discurso, defendeu o ex-presidente da Casa. "Não traio", afirmou o primeiro vice-presidente da Mesa Diretora, eleita junto com Severino Cavalcante, depois de chamar de "mongóis" (sic) e "descerebrados" aqueles parlamentares que, porventura, imaginem um ambiente parlamentar que tenta suprimir o papel da oposição, onde ele se enquadrou diante do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nonô também foi descredenciado, em plenário, pelo candidato à Presidência da Câmara, deputado Alceu Collares (PDT-RS). Em seu discurso, o parlamentar gaúcho informou ao pefelista alagoano que seu partido decidiu apoiá-lo, depois de reunião realizada na manhã desta quarta-feira.

- O PDT me deu grande alegria - disse Colares. Até o final da tarde desta terça, o PDT havia declarado apoio a José Thomaz Nonô. Collares criticou, ainda, as medidas provisórias, a votação secreta e o recesso parlamentar. Segundo ele, com a votação secreta, o eleitor consegue fugir das "oligarquias", mas na Câmara a eleição aberta é uma forma do eleitor exercer, "na plenitude, a fiscalização".

Falseta

Presidente do PMDB, o deputado Michel Temer reuniciou à candidatura à presidência da Câmara para declarar apoio a Thomaz Nonô.

- As coisas nesta casa têm um fluxo natural e este fluxo natural é José Thomaz Nonô - acredita ele.

Temer deixou clara a cisão no PMDB ao criticar, ainda em seu discurso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que trabalhou abertamente pela vitória do candidato governista. Calheiros chegou a apoiar Temer, terminou por preferir a candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP), que conta com o apoio do Planalto.

- Vocês sabem que fui objeto de uma falseta produzida por um líder político que jamais cometeu gestos dessa natureza, mas resolveu fazer comigo, exatamente contra a minha candidatura. Esse é um registro que não posso deixar de fazer em nome da moralização dos costumes políticos do país. Não é possível ter uma palavra em favor da fidelidade partidária e ter uma ação radicalmente contrária - atacou.

O deputado peemedebista, ao apoiar Thomaz Nonô, optou por retaliar Calheiros, uma vez que o pefelista é inimigo político do presidente do Senado em Alagoas. Para Michel Temer, Renan Calheiros "quebrou o decoro parlamentar", portanto, não tem legitimidade para conduzir a reforma política. Parte do Plenário o aplaudir neste momento do discurso.

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