Rajoy intervém no Parlamento, demite separatistas e prende opositores na Catalunha, agora ocupada.
Por Redação, com agências internacionais - de Barcelona e Madri
A decisão do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, de destituir o governo da Catalunha e forçar nova eleição é um “golpe”. Um “ataque contra a democracia”, afirmou a presidente da Assembleia catalã, Carme Forcadell, neste sábado.
— O primeiro-ministro Rajoy quer que o parlamento da Catalunha pare de ser um parlamento democrático e não permitiremos que isso aconteça. É por isso que queremos enviar aos cidadãos deste país uma mensagem de firmeza e esperança. Nos comprometemos hoje, após o ataque mais grave contra as instituições catalãs desde que foram restauradas, com a defesa da soberania do parlamento da Catalunha — disse Carme em discurso televisionado.
Rajoy anunciou, neste sábado, a suspensão dos poderes do parlamento da Catalunha, a demissão de seu governo e a convocação de eleições regionais, no prazo de seis meses. O objetivo será uma nova tentativa de neutralizar a independência do Estado catalão. Milhares de pessoas saíram às ruas de Barcelona, nesta tarde, em protesto contra o governo espanhol.
Eleições
As medidas foram analisadas durante o Conselho de Ministros da Espanha. Elas ainda precisam ser votadas pelo Senado; provavelmente no próximo dia 27 de outubro. Rajoy disse, ainda, que seu governo tomou essa decisão sem precedentes para “restaurar a lei; garantir que as instituições regionais sejam neutras e garantir serviços públicos e atividades econômicas; bem como preservar os direitos civis de todos os cidadãos”.
— Aplicamos o artigo 155 porque nenhum governo de nenhum país democrático pode aceitar que a lei seja violada — afirmou Rajoy em um duro discurso.
No entanto, a autonomia catalã não foi suspensa. Mas Madri nomeará representantes para coordenar a administração regional. A decisão é a de remover o presidente catalão, Carles Puigdemont, seu vice, Oriol Junqueras, e todos os integrantes do governo.
Com a antecipação das eleições regionais, o pleito, que estava previsto para o fim de 2019, poderá ocorrer em até seis meses.
— A minha vontade é de fazermos às eleições na primeira oportunidade — acrescentou o premiê.
Rebelião
A ativação do artigo 155 representa um movimento sem precedentes desde que a Espanha retomou a democracia, na década de 1970. A pretensão dos ministros é "restaurar a ordem constitucional”. Todo esse procedimento foi acordado entre o governo do conservador Partido Popular e a principal força de oposição, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).
O Cidadãos, de centro-direita, também deu aval para o artigo. Além disso, o governo da Espanha recebeu apoio da União Europeia que não vê com bons olhos a tentativa de separação da Catalunha.
Poucas horas antes do anúncio de Rajoy, o rei Felipe VI denunciou "uma inaceitável tentativa de secessão". O pronunciamento real serviu apenas para agravar, ainda mais, a crise. O Ministério Público confirmou que estuda acusar Puigdemont pelo crime de rebelião; o que pode levar a 30 anos de prisão na Espanha.