Globo não mostra o DARF e se complica com vídeo do Garotinho
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Sábado, 20 de Setembro de 2014 às 15:26, por: CdB
As Organizações Globo, depois de admitir publicamente que apoiaram a ditadura militar, estão de volta ao centro dos acontecimentos políticos do país nas denúncias sobre uma sonegação bilionária de impostos. O assunto veio à tona há mais de um ano, na denúncia do blogueiro Miguel do Rosário, autor d'O Cafezinho. Agora, porém, volta reforçado por vídeo, que se transformou em 'viral' nas redes sociais, no qual o candidato ao governo do Estado do Rio de Janeiro pela legenda do PR, Anthony Garotinho, responde às perguntas de uma apresentadora do jornal televisivo RJTV, da emissora.
Segundo Miguel do Rosário, "toda vez que a Globo fala sobre a sua própria sonegação, acaba se enrolando mais. É o que acaba de acontecer. A essa altura, todo mundo já viu o vídeo no qual Garotinho menciona a sonegação da Globo. A empresa ficou numa guerrinha contra as redes sociais, mandando retirar, a galera postando de novo, até que as redes ganharam, claro".
Assista ao vídeo:
Na matéria sobre a entrevista de Garotinho, segundo Rosário, "a Globo quase esquece de falar sobre o candidato. Disfarçada de reportagem eleitoral, a Globo publica, talvez pela primeira vez, informações sobre o processo de sonegação de que é acusada. E dá um link para o que – achávamos em nossa ingenuidade – seria o famigerado Darf. Nada disso. O link nos leva ao seguinte documento do Ministério da Fazenda":
Leia, a seguir, a íntegra do artigo:
Observe duas mudanças, provocadas pela denúncia das redes sociais. Antes o processo constava apenas no meio “físico” (ou seja, não havia sido digitalizado). E não estava arquivado. Agora ele foi digitalizado e foi arquivado, após movimentação ocorrida em dezembro de 2013.
Entretanto, como o processo foi roubado e depois reconstituído com ajuda da Globo, gostaríamos de saber se o processo digitalizado da Receita é o mesmo que foi vazado na internet. A própria Globo explica que o processo foi arquivado porque ela aderiu ao Refis, o programa de refinanciamento de dívidas tributárias criado por Fernando Henrique Cardoso, em 2000.
O Refis é uma espécie de trem da alegria para sonegadores. Todas as dívidas são unidas numa só, e o processo de sonegação fiscal é extinto. Mas tem um porém. Ou melhor, dois poréns.
1) O processo de sonegação fiscal apenas pode ser extinto se a empresa aderiu ao Refis antes da ocorrência de denúncia criminal.
2) Conforme a Constituição, o crime de evasão de divisas não se beneficia do Refis.
* Na matéria publicada nesta sexta-feira, a Globo fornece um cronograma da sonegação.
Reproduzo o trecho do comunicado da Globo:
“Como é de conhecimento público, a Globo Comunicação e Participações adquiriu os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002. Em 16/10/2006, a emissora foi autuada pela Receita Federal, que entendeu que o negócio se deu de maneira a reduzir a carga tributária da aquisição. Em 29/11/06, a empresa apresentou sua defesa junto às autoridades, fundada em sua convicção de que não cometeu qualquer irregularidade, tendo apenas escolhido uma forma menos onerosa e mais adequada no momento para realizar o negócio, como é facultado pela legislação brasileira a qualquer contribuinte. No dia 21/12/06, a defesa da Globo foi rejeitada pelas autoridades e em 11/10/07, a empresa foi intimada da decisão desfavorável, apresentando recurso em 09/11/07. No dia 24/11/09, a Globo tomou a decisão de aderir ao Refis (Programa de Recuperação Fiscal) e realizar o pagamento do tributo nas condições oferecidas a todos os contribuintes pelo Fisco. O pagamento foi realizado no dia 26/11/09, tendo a empresa peticionado às autoridades informando sua desistência do recurso apresentado (o que ocorreu em 04/02/10).”
Ora, se a Globo aderiu ao Refis apenas ao final de 2009, isso suscita outras perguntas:
• O roubo do processo no último dia do ano de 2006 não constitui um fato criminal, cujo motivo não foi justamente impedir que houvesse uma denúncia antes da Globo se acertar com a Receita?
• O silêncio conivente da imprensa, nesta sexta-feira e sábado, não revela a existência de um acordo tácito e mafioso entre as mídias, para proteção mútua?
• Por que o Ministério Público não registrou denúncia criminal contra a sonegação da Globo, antes desta aderir ao Refis em 2009?
• Há algum parecer sobre os crimes de evasão de divisas porventura praticados pela Globo?
Reproduzo abaixo um roteiro publicado em julho do ano passado pelo Fernando Brito, no Tijolaço: