Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

Gás usado em teatro russo pode ter sido um opiato

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Terça, 29 de Outubro de 2002 às 11:00, por: CdB

Um gás derivado de ópio, e não um agente dos nervos, pode ter sido utilizado pelas autoridades da Rússia no sábado passado, durante a operação para libertar mais de 800 pessoas feitas reféns por cerca de 50 rebeldes chechenos que haviam tomado um teatro de Moscou, declarou nesta terça-feira um porta-voz da embaixada dos Estados Unidos. Dos 117 reféns mortos durante a operação de resgate russa, 115 foram vitimados pelo gás, de acordo com autoridades de Saúde de Moscou. As autoridades russas têm-se recusado a identificar o gás utilizado para imobilizar os rebeldes e impedir que detonassem os explosivos presos a seus corpos ou espalhados pelo prédio. "Médicos de uma embaixada ocidental em Moscou examinaram os reféns sobreviventes e chegaram à conclusão de que o agente ao qual estiveram expostos parece consistente com um opiato", afirmou o porta-voz norte-americano. Dia de luto Na segunda-feira, o presidente Vladimir Putin marcou um dia de luto pelas vítimas do sítio ao teatro de Moscou, onde rebeldes chechenos mantiveram em seu poder mais de 800 reféns, por três dias, no teatro. "A Rússia não chegará a nenhum acordo com terroristas e não aceitará nenhum tipo de chantagem", disse o presidente. Putin afirmou ainda, durante uma reunião com membros do Governo, que "o terrorismo internacional está cada vez mais imprudente e cruel". "Ameaças de usar meios comparáveis a armas de destruição em massa estão sendo feitas em várias partes do mundo", acrescentou. "Se alguém tentar aplicar esses meios contra nosso país, a Rússia responderá com medidas adequadas às ameaças a todos os redutos de terroristas, suas organizações ou seus incentivadores ideológicos e financeiros", completou o presidente. Homenagens O correspondente da CNN Matthew Chance relatou que a população da capital está colocando flores em frente ao teatro tomado na quarta-feira passada por cerca de 50 extremistas. Mas a revelação sobre a possível causa da morte de maior parte dos reféns reduziu a sensação de alívio e sucesso. Apenas dois reféns foram mortos com tiros pelos chechenos - uma mulher que tentou escapar no primeiro dia de sítio e um homem, pouco antes de as forças russas invadirem o teatro. Uma holandesa e uma austríaca estavam entre as vítimas fatais. A maioria dos rebeldes foi morta, inclusive seu líder. Com mais de 300 pessoas ainda hospitalizadas, inclusive nove crianças, os russos estão questionando a dosagem de gás usada e se antídotos foram ministrados com a rapidez necessária. As autoridades russas estão sendo pressionadas para identificar o gás usado na operação militar, que alegam ser um anestésico empregado em cirurgias, segundo o correspondente da CNN Mike Hanna. O governo argumenta que cerca de mil pessoas poderiam ter morrido se os terroristas tivessem conseguido detonar os explosivos. Washington evita críticas Em Washington, a Casa Branca evitou criticar a operação de resgate, deixando claro que o Governo Bush acredita que os militantes chechenos foram os responsáveis pela morte dos reféns. O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Per Stig Muller, anunciou no domingo que uma reunião de cúpula entre líderes da União Européia e da Rússia seria transferida para Bruxelas, na Bélgica, após Putin ter ameaçado não viajar à Dinamarca se fosse autorizada a realização de um encontro de rebeldes chechenos em Copenhague, nesta segunda-feira. A Dinamarca argumentou que não poderia impedir o evento, que discutirá a busca de uma solução pacífica para o conflito checheno, devido à garantia constitucional de liberdade de expressão.

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