Garota de 7 anos é vítima de bala perdida em Belo Horizonte

A morte da menina Nayara de Paiva Boreu, 7 anos, vítima de bala perdida na noite do último sábado, na favela Cabana do Pai Tomás, Bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte, tornou ainda mais tenso o clima de insegurança que impera no bairro, um dos mais violentos da capital.
 
O corpo de Nayara foi enterrado na manhã da última segunda-feira, no Cemitério Parque da Colina. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a morte e já tem um suspeito, um traficante conhecido como Marcelinho, que atua na região.

Inconsolável, o pai da menina, o vendedor Roberto Moreira Boreu, 32 anos, não escondia o desespero e a indignação durante o enterro da filha.
 
- Sou trabalhador e não tenho briga com ninguém, mas a violência no bairro é grande e isso foi acontecer. Não tenho condições para comprar outra casa e não posso ir com as crianças para debaixo da ponte. Espero que a polícia prenda os criminosos e se faça justiça - afirmou o vendedor, que tem outros cinco filhos com idades entre um e 15 anos.

Na Escola Estadual Professor Magalhães Drumond, Bairro Nova Cintra, onde Nayara cursava a primeira série o assunto entre as crianças era a morte do colega.
 
- Tive de ir a duas salas da terceira série porque os alunos queriam saber o que tinham de fazer para evitar bala perdida - relatou a diretora Laura Emerenciana Furst Leroy, 54 anos, que recomendou aos estudantes não procurarem aproximação com agrupamentos de adultos na rua e jamais pararem para ver uma confusão na rua.

- Não tem como evitar bala perdida, mas tentei orientá-los a não se expor - relatou a diretora.

Segundo Laura Leroy, Nayara era uma criança doce, tranqüila e interessada. A menina foi atingida por um tiro na barriga na noite de sábado e morreu no começo da madrugada de domingo, no Hospital Odilon Behrens.
 
Segundo testemunhas, dois homens surgiram em uma moto, perseguindo um terceiro, que fugia a pé. O que estava na garupa teria disparado várias vezes e um dos tiros atingiu a menina. Nayara estava em uma rua próxima à sua casa, observando um carro de telemensagens.

De acordo com o Delegado Chefe da Divisão de Crimes Contra a Vida, Elcides Guimarães, os levantamentos da equipe de investigadores que compareceu ao local identificaram um traficante conhecido como Marcelinho como autor do disparo.
 
- Vamos, agora, qualificar esse suspeito - afirmou o delegado.