A Força Tarefa Vale do Javari, coordenada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), diminuiu para apenas um caso a incidência de malária nesse território indígena pertencente ao município de Atalaia do Norte, no Amazonas.
Quando o trabalho emergencial começou, em 21 de julho, 631 indígenas estavam contaminados.
A Força Tarefa conta também com a participação da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), órgão estadual, do Exército Brasileiro e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Nela atuam 26 profissionais de saúde: seis médicos, dois enfermeiros e 18 técnicos de enfermagem. Os trabalhos irão até dia 30 deste mês.
- Há uma equipe de combate à malária e uma equipe de ação direta de saúde. Eles estão percorrendo os rios Jaquirana, Curuçá e Ituí, fazem busca ativa da malária, nebulização e aplicação do veneno que mata e espanta os mosquitos transmissores da doença, busca ativa de tuberculose e hepatite A, consultas médicas, vacinação e atividades educativas sobre DSTs, higiene e saneamento - explicou Paulo Oliveira, chefe da Força Tarefa Vale do Javari.
Paulo Oliveira afirmou que no rio Jaquirana vivem cerca de mil indígenas Maioruna; no Curuçá, 560 indígenas Marubo e no Ituí, 1,2 mil indígenas das etnias Marubo (a maioria), Matis (semi-contactados) e os chamados "caceteiros" (isolados).
A criação da Força Tarefa foi motivada por uma denúncia da Coiab.
- O problema da malária no Vale do Javari é grave, e nós estamos fazendo uma campanha mundial para combatê-lo - disse Jecinaldo Sateré, coordenador da entidade.
Em 2001 a vigilância epidemiológica e o controle de endemias deixaram de ser responsabilidade da Funasa, para passar para o Estado e para municípios certificados. Atalaia do Norte está em processo de cerficação.
- Então quem deve atuar lá é a FVS. Como a situação era emergencial e a FVS ainda está se estruturando, nós puxamos essa ação conjunta - explicou Sebastião Nunes, coordenador regional da Funasa no Amazonas.
A FVS é ligada à Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (Susam) e foi criada neste ano. Seu presidente, Evandro Melo de Oliveira, contestou a declaração de Nunes.
- O Vale do Javari é uma área indígena, então a responsabilidade pelo combate à malária lá é primordialmente da Funasa. Nós estamos apenas dando um apoio - afirmou.
Apesar da divergência, os dois gestores concordam que as ações conjuntas na área devem prosseguir, mesmo após o fim da Força-Tarefa.
- Sempre que houver alguém doente vindo de fora, a transmissão pode imediatamente ser reiniciada. É impossível acabar com todos os mosquitos da floresta. O combate à malária é um trabalho contínuo - completou Oliveira.