O 5º Fórum Social Mundial (FSM), a se realizar em Porto Alegre, de 26 a 30 deste mês, trará modificações significativas em relação aos fóruns anteriores. Uma das principais alterações está no processo de escolha dos temas centrais, os principais assuntos que serão debatidos no evento. Dessa vez, a seleção dos “eixos-temáticos” foi feita pelos próprios participantes, e não pelos organizadores, como vinha ocorrendo nos anos anteriores.
– Houve uma mudança de metodologia muito forte. Fizemos uma consulta com mais de 100 organizações participantes e, em cima disso, com aproximadamente 1.860 idéias propostas, foram montados os 11 espaços temáticos. Um processo que é construir o Fórum de baixo para cima – explica Cândido Grzybowski, diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e membro do Comitê Organizador do FSM.
Segundo ele, nas edições anteriores, o Fórum ficava dividido em duas vertentes: uma, coordenada pelo Comitê Organizador, que planejada a temática dos principais debates, e outra, organizada pelos próprios participantes que realizavam as chamadas atividades “autogestionadas”, que em 2003, chegaram a ser mais de mil.
– Nós tínhamos construído um Fórum que estava nos levando a um certo quase impasse no sentido que a gente tinha um Fórum planejado pela Comitê Organizador, com atividades concentradas, e tinha um outro, um processo que vinha crescendo, sendo que já estávamos em Porto Alegre [em 2003] com mil e tantas atividades – diz.
Na nova sistemática, os organizadores apenas funcionarão como facilitadores do espaço e das condições de trabalho. Todos os temas dos debates do encontro partiram das entidades participantes. No entanto, viabilizar essas milhares de atividades continua sendo um desafio para os organizadores.
– [Nos anos anteriores] as atividades eram extremamente segmentadas. Uma confusão, chamemos assim. Uma confusão alegre, criativa, mas confusão. Era diversidade confusa e não diversidade construída. Havia mais de 100 atividades sobre água, por exemplo, e que não dialogavam – afirma Grzybowski.
Na edição de 2005, as atividades propostas passaram por um processo de aglutinação e foram concentradas em torno de temas mais gerais, num processo de quase um ano de diálogo, na maioria das vezes pela internet, entre as organizações participantes.
– Foi feito um esforço ao longo de todo o ano para que as organizações que defendem determinadas causas, desenvolvem campanhas, lutas por um mundo novo se entendessem, procurassem formular junto, procurassem debater com antecedência, procurassem organizar debates comuns no Fórum – ressalta Antonio Martins, um dos representantes da Associação pela Taxação das Transações financeiras em Apoio ao Cidadão (ATTAC) e membro do Comitê Organizador do FSM.
Para ele, o resultado dessa nova sistemática serão discussões mais ricas e densas.
– Os debates estão mais fortes, os temas estão sendo discutidos de maneira mais profunda, com mais pontos de vista e com mais condições de gerar ações e não simplesmente discussões – destaca Martins.