Do ponto de vista de classe, Frente de Esquerda e Popular representam a mesma coisa, pois os partidos e forças de esquerdas estão ligados às classes populares. Já a Frente Ampla engloba as classes populares, as classes médias e frações da média burguesia.
Por Val Carvalho - do Rio de Janeiro
A participação do senador Renan e do governador Jackson Barreto no palanque de Lula durante a Caravana pelo Nordeste reavivou a discussão no PT sobre Frente Ampla ou de Esquerda. Lula deveria ou não aceitá-los no palanque? Eis a questão da luta democrática contra o estado de exceção, que também foi levantada em acaloradas discussões na luta contra a ditadura militar. A história mostra que essa polêmica foi vencida pela tese da frente ampla antiditatorial e não pela frente de esquerda. Vivendo atualmente uma situação parecida, temos muito que aprender com esse passado de luta.
Do ponto de vista de classe, Frente de Esquerda e Popular representam a mesma coisa, pois os partidos e forças de esquerdas estão ligados às classes populares. Já a Frente Ampla engloba as classes populares, as classes médias e frações da média burguesia, configurando ideologicamente uma frente de centro-esquerda. Por isso prefiro falar de Frente Ampla Popular, pois assim sinalizamos a aliança de centro-esquerda sob a hegemonia popular, constituída pelos trabalhadores mais conscientes.
Estado democrático
O tipo de Frente responde a demandas objetivas, e não puramente subjetiva, na base do que “gostaríamos que fosse”. Num contexto de baixo o nível de consciência e organização dos trabalhadores, onde o país vive um estado de exceção que oprime a ampla maioria da sociedade, manifestada no isolamento total do usurpador Temer; num contexto desse tipo, o que o movimento de oposição pede “naturalmente”, digo, objetivamente, é a Frente Ampla. Tanto um Bresser quanto um Renan fazem parte dela, gostemos disso ou não. A primeira ruptura a ser feita aqui é a da reinstituição do Estado democrático de direito com eleições diretas para presidente; e resgate dos direitos roubados. É isso o que Lula vem construindo com a sua Caravana pelo Brasil.
Tendo reconquistado o Estado democrático de direito e eleito Lula presidente, será preciso desenvolvermos a Frente Popular; que já atuava no interior da Frente Ampla, para torná-la uma força independente; e capaz de promover uma segunda ruptur. Dessa vez mais profunda. Que nos leve a uma Constituinte popular. Que adote as reformas estruturais contra o capitalismo monopolista, predatório, subalterno ao imperialismo e corrupto que sempre dominou o Brasil.
Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil.