A França disse nesta terça-feira que não tem dúvidas de que os EUA também querem conseguir a libertação dos dois jornalistas seqüestrados no Iraque e leva em consideração a disponibilidade do governo iraquiano em ajudar nessa tarefa.
- Hoje, nosso objetivo continua sendo a libertação o mais rápido possível. Nunca duvidamos que esse objetivo é partilhado por todos - disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da França, Hervé Ladsous.
Ladosus aludia à suposta implicação dos EUA no possível atraso da libertação de Christian Chesnot e Georges Malbrunot, como a imprensa indicou nos últimos dias.
A associação "Amizades franco-iraquianas" afirmou que os EUA "colocaram, com pleno conhecimento, a vida dos reféns em risco ao lançar uma ofensiva com execuções e centenas de detenções na região de Latifiya-Mahmudiya, ao sul de Bagdá, onde os dois jornalistas foram seqüestrados e poderiam ser libertados".
O porta-voz de Exteriores também se referiu a declarações do chefe da diplomacia iraquiana, Hoshiar Zebari, nessa segunda-feira em Amã, nas quais afirmou pela primeira vez que Bagdá está "disposto a ajudar" a França nessa crise.
- Levamos essa declaração em conta, como temos feito com todas as mensagens que recebemos de vários dirigentes, assim como chefes religiosos, líderes de opinião e da sociedade civil, tanto no Iraque como no resto da região e fora dela - disse.
Questionado sobre se havia comunicação entre Paris e Bagdá a respeito, Ladsous se referiu "à extrema discrição do governo francês sobre todos os contatos estabelecidos nessa crise".
Na última semana, a França considerou "inaceitáveis" as declarações do primeiro-ministro iraquiano, Iyad Allawi, ao acusar a França de "passividade" em relação ao terrorismo e disse que "os que não lutam do nosso lado em breve terão terroristas em casa".
Além disso, a visita que o presidente do Iraque, Ghazi Ajil al-Yawar, faria à França nesta semana foi adiada por tempo indeterminado.
Quanto ao comunicado divulgado na segunda-feira na Internet com supostas novas exigências dos seqüestradores de Chesnot e Malbrunot, sobre o qual o primeiro-ministro francês, Jean-Pierre Raffarin, mostrou na um grande ceticismo, o porta-voz indicou que os especialistas continuam analisando sua veracidade.
A suposta nota do "Exército Islâmico do Iraque" dá um prazo de 48 horas à França para pagar um resgate de cinco milhões de dólares, e pede que o país se comprometa a não fechar acordos militares ou comerciais com Bagdá e em aceitar a trégua que o chefe da Al Qaeda, Osama bin Laden, propôs à Europa em abril.
Segundo fontes francesas em Bagdá, citadas pelo jornal "Le Monde", Paris "não negocia nenhum resgate nem se propõe a fazer isso com os seqüestradores, que assassinaram um jornalista italiano".
Ladsous destacou que "a linha do governo neste assunto é de total prudência, discrição e mobilização", e reiterou a disposição do chefe da diplomacia francesa, Michel Barnier, de voltar, a qualquer momento, à região.