Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Fragilidade impede papa de falar no Domingo de Páscoa

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Domingo, 27 de Março de 2005 às 09:55, por: CdB

O papa João Paulo 2o apareceu na janela de seu quarto para fazer a bênção do Domingo de Páscoa, mas, em um episódio dramático que trouxe lágrimas aos olhos de muitas pessoas, não conseguiu falar por causa de seu delicado estado de saúde.

Assessores trouxeram um microfone próximo da boca do papa e ele tentou falar. O pontífice emitiu alguns sons, mas não conseguiu pronunciar qualquer palavra. Os assessores então removeram o microfone.

A cena, transmitida ao vivo por emissoras de TV, aconteceu depois que o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Angelo Sodano, presidiu a benção diante de dezenas de milhares de pessoas que compareceram à Praça São Pedro.

Durante a bênção, a janela do papa foi mantida aberta, como sinal de seu laço espiritual com os fiéis. O pontífice de 84 anos esperou enquanto Sodano lia a mensagem "Urbi et Orbi", expressão em latim para "à cidade e ao mundo".

Quando o cardeal terminou de ler a mensagem, um padre anunciou que o papa daria uma bênção especial para a multidão do lado de fora. João Paulo 2o fez o sinal da cruz, mas não pode pronunciar qualquer palavra ao microfone.

Foi a primeira vez desde que assumiu a Igreja Católica Romana há 26 anos que João Paulo 2o não presidiu a cerimônia.

A televisão estatal italiana RAI mostrou fiéis chorando enquanto assistiam ao sofrimento do papa.

"Ele mesmo sabe de sua incapacidade", afirmou o comentarista da RAI depois que o papa não conseguiu falar. "Vamos esperar que ele possa superar isso nas próximas semanas, com uma recuperação mais atenta e cuidadosa."

A última vez que o papa falou em público aconteceu há duas semanas, um dia depois de ter deixado o hospital onde se submeteu em 24 de fevereiro a uma traqueostomia, operação para abrir as vias aéreas e aliviar problemas respiratórios graves.

Na mensagem "Urbi et Orbi", lida por Sodano, o papa disse que a Páscoa traz alimento aos que tem "fome de verdade, liberdade, justiça e paz".

A mensagem criticou a contínua violência ao redor do mundo, afirmando que ela deixou muitos lugares "banhados em sangue de muitas vítimas inocentes".

O papa pediu por "paz nos países do Oriente Médio e África, onde muito sangue continua sendo derramado; paz para toda a humanidade, ainda ameaçada por guerras fratricidas".

Ele pediu para Deus dar força para "as multidões que ainda hoje sofrem e morrem de pobreza e fome, dizimadas por epidemias fatais ou devastadas por imensos desastres naturais".

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