Força de Guerra nas Estrelas se manifesta na política

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado quarta-feira, 25 de maio de 2005 as 16:13, por: CdB

Um ano depois de Michael Moore ter exercido seu efeito sobre a campanha presidencial americana de 2004 com seu filme Fahrenheit 11 de Setembro, republicanos e democratas nos EUA discutem as mensagens políticas de um filme muito diferente: Guerra nas Estrelas.

Mesmo antes de o último episódio da saga estrear nos cinemas, na semana passada, alguns observadores já traçavam paralelos pouco elogiosos entre a história de traição interplanetária apresentada em Guerra nas Estrelas: Episódio 3 – A Vingança de Sith e a guerra ao terror decretada pela administração Bush e sua decisão de invadir o Iraque.

O diretor de Guerra nas Estrelas, George Lucas, diz que os temas de seu filme – a democracia corrompida e a ascensão de um tirano que espalha o medo – foram decididos décadas atrás, sob a influência de Watergate e da Guerra do Vietnã, além da ascensão ao poder de Hitler, e não da política dos dias de hoje.

Mas isso não está impedindo liberais e conservadores americanos de enxergar metáforas anti-Bush no filme e em seus diálogos.

Anakin Skywalker, o jovem jedi com problemas que cai sob a influência do “lado escuro”, avisa seu mentor, Obi-Wan Kenobi:

– Se você não está comigo, está contra mim.

Para muitos, a frase lembrou a declaração feita por Bush após o 11 de setembro:

– Ou vocês estão conosco, ou estão com os terroristas.

Outra frase interpretada como referência irônica às ambições republicanas é uma fala de Padme Amidala (Natalie Portman) no momento em que o Senado galáctico cede o poder ao malévolo imperador Palpatine:

– É assim que morre a liberdade, em meio a aplausos estrondosos.

Na semana passada, quando o filme estreou, o grupo de defesa de ideais liberais MoveOn PAC lançou uma campanha que usa imagens de Guerra nas Estrelas para retratar o líder republicano no Senado dos EUA, Bill Frist, como o vilão mentor de Darth Vader, Darth Sidious, em seu embate com os democratas em torno de indicações para o Judiciário.

– As pessoas já sabem que o sistema de freios e contrapesos é uma parte essencial do sistema político americano – disse Ben Brandzel, do MoveOn PAC.

– Mas quando você enuncia isso em termos tão claros quanto a história de Star Wars, isso ajuda as pessoas a decodificar o que acontece em Washington.

Enquanto isso, o Comitê Republicano Nacional rejeitou comparações com Guerra nas Estrelas.

– É um fenômeno cultural interessante, mas, se você analisar as últimas eleições, a força tem estado com os republicanos – disse à Reuters a porta-voz do partido, Tracey Schmitt.

– E não estamos seguindo exemplos dados por Darth Vader, C-3PO ou Yoda.

Apesar disso, a reação de alguns conservadores vem sendo tão irada que um Web site intitulado Americanos Patriotas que Boicotam Hollywood Antiamericana recentemente acrescentou o nome de George Lucas a sua lista de inimigos.

Mas Paul Levinson, estudioso de mídia e comunicações na Universidade Fordham, em Nova York, discordou da análise que vê Vingança de Sith como diatribe anti-republicana.

Em lugar disso, ele vê o filme como história acauteladora sobre a ameaça que representa o mal se não for erradicado totalmente, como se vê no ressurgimento de Darth Vader após sua luta não conclusiva com Obi-Wan.

Para ele, a mensagem, aplicada aos fatos da atualidade, poderia ser:

– Quando enfrentamos o terrorismo, não podemos apenas feri-lo, precisamos aniquilá-lo por completo. Se sobrar apenas uma gota que seja, ele pode reconquistar sua força e voltar a nos fazer enorme mal.

Levinson disse que a interpretação política de Guerra nas Estrelas é reflexo do clima político carregado que ainda domina os EUA, após a disputa presidencial acirrada do ano passado.
Na ausência de um filme declaradamente político, como Fahrenheit 11 de Setembro, “as p