No último Monitor Fiscal, divulgado em abril, a estimativa de déficit era de 0,3% para 2025 e um equilíbrio nas contas públicas, com déficit zero, a partir de 2026. Agora, o FMI projeta resultado negativo de 0,7% e 0,6% do PIB, respectivamente, com o superávit ficando para 2027, a 0,1%.
Por Redação, com Reuters – de Washington
Para o Fundo Monetário Internacional (FMI) a projeção para o déficit primário e para a trajetória da dívida pública da economia brasileira piora, nos próximos anos. Em relatório divulgado nesta quarta-feira, o Fundo adiou a previsão de equilíbrio das contas do governo em um ano a despeito de uma ligeira melhora para o déficit de 2024, que saiu de 0,6% para 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Em outro documento divulgado na véspera, o ‘World Economic Outlook’, o FMI revisou para cima a previsão de crescimento para o Brasil neste ano.
No último Monitor Fiscal, divulgado em abril, a estimativa de déficit era de 0,3% para 2025 e um equilíbrio nas contas públicas, com déficit zero, a partir de 2026. Agora, o FMI projeta resultado negativo de 0,7% e 0,6% do PIB, respectivamente, com o superávit ficando para 2027, a 0,1%. O cenário permanece mais pessimista do que o projetado pelo Ministério da Fazenda, que promete zerar o déficit no próximo ano.
A projeção para a dívida bruta do país também foi piorada, saindo de 86,7% do PIB neste ano e 89,3% em 2025 para 87,6% e 92%, respectivamente. O relatório prevê uma trajetória crescente ao menos até 2029, quando a dívida atingirá 97,6% do PIB, um aumento de 3,7 pontos percentuais em relação às estimativas de abril.
‘Pouso suave’
Para o fundo, após os estímulos fiscais realizados durante a pandemia, guerras regionais e turbulências nos mercados de alimentos e energia, a economia mundial parece estar a caminho de um “pouso suave”, com a inflação se aproximando da meta em vários países.
Em escala global, a dívida pública deve ultrapassar os US$ 100 trilhões no final deste ano e chegar aos 100% do PIB no final desta década.
“Países onde se espera que a dívida cresça mais rapidamente do que no período pré-pandemia incluem não apenas a China e os Estados Unidos, mas também outros grandes países como Brasil, França, Itália, África do Sul e Reino Unido”, diz o relatório, intitulado ‘Putting a Lid on Public Debt’ (Colocando uma Tampa na Dívida Pública, em tradução livre do inglês).
Objetivo
De acordo com o FMI, nesses países, atrasar as medidas de ajuste no presente levará à necessidade de mudanças ainda mais profundas no futuro. A autarquia internacional aponta que os políticos precisam buscar lidar com pressões para gastar mais em áreas como defesa, transição energética e saúde, resistência política para aumentar a arrecadação e o objetivo de estabilidade macroeconômica.
Nas economias emergentes, do lado das receitas, o Fundo encontra um potencial no aumento de impostos indiretos, otimização de isenções fiscais e a ampliação de bases tributárias. Do lado das despesas, sugere esforços para otimizar folhas de pagamento, reduzir a fragmentação de programas de segurança social e eliminar subsídios a combustíveis.
“Os governos de todos os países precisam de planos fiscais sérios, estruturados dentro de quadros fiscais de médio prazo que sejam críveis e divulgados de forma clara, para ancorar seus caminhos de ajuste e reduzir a incerteza em relação à política fiscal”, resume o relatório.