A inflação ao consumidor em São Paulo desacelerou mais que o esperado, por conta de quedas nos preços de alimentos, levando a Fipe a revisar para baixo seu prognóstico para a taxa do mês, de 0,40 para 0,35 %.
A inflação recuou para 0,32 %na terceira quadrissemana de setembro, seguindo a leitura de 0,56% na leitura anterior, informou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) nesta segunda-feira.
"O aumento enorme dos in natura que vimos em agosto agora está voltando para trás, numa velocidade maior que a gente tinha estimado", disse Paulo Picchetti, coordenador do índice da Fipe.
Entre as maiores quedas dos in natura, os preços de tomate recuaram 17,42 %, os de cebola, 6,32 %. Os de batata aumentaram em ritmo bem menor, de 0,36%.
Com isso, o grupo Alimentação teve declínio de 0,41 %--a primeira baixa desde abril--, após o avanço de 0,09 % na segunda quadrissemana.
"O índice (inflação) veio abaixo do que esperávamos... alimentação caiu e isso já vinha acontecendo em outros índices de inflação e deve se mostrar também no IPCA de setembro", afirmou Cristiano Oliveira, economista-chefe Banco Schahin.
Picchetti, da Fipe, disse que no próximo mês a tendência é de estabilidade dos preços dos alimentos em São Paulo.
Os custos de Habitação --que compreende tarifas como energia elétrica e telefonia-- também contribuíram para a desaceleração da inflação na terceira quadrissemana.
Eles subiram 0,82 %, abaixo da alta de 1,27 % no período imediatamente anterior. Energia elétrica ainda pressionou fortemente, contribuindo com 0,15 ponto percentual do índice geral, mas deve encerrar o mês com impacto de 0,07 ponto, previu Picchetti.
Os preços de Transportes aumentaram 0,54 %, elevação também inferior à da segunda quadrissemana, de 0,73 %.
A desaceleração da inflação --pelo IPCA de setembro ou pelo índice da Fipe desta manhã-- não deve, no entanto, evitar uma nova alta de juros em outubro, na visão de economistas.
"Mesmo com a inflação bem comportada, ainda acreditamos que o BC continuará a elevar a Selic, em 0,25 ponto percentual, na próxima reunião, pois a ata foi muito direta em relação à maior inflação do ano que vem", disse Marcelo Ávila, economista-chefe da Global Station.
"Entretanto, vale salientar que o processo de elevação da Selic pode ser um pouco menor do que o esperado."
Nesta manhã, outro relatório contribuiu para essa visão do economista. A pesquisa semanal Focus do BC mostrou que o mercado manteve sua projeção para a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2005 em 5,8 % e reduziu a para 2004, de 7,37 para 7,34 %.
A inflação da terceira quadrissemana corresponde ao período de 24 de agosto a 22 de setembro, comparado com as quatro semanas imediatamente anteriores.