Os investimentos na construção do novo centro foram de R$ 478 milhões, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro:
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), inaugurou o Centro Henrique Penna - Protótipos, Biofármacos e Reativos para Diagnóstico. Essas três áreas independentes que funcionarão no novo centro têm funções estratégicas, visando a apoiar toda a parte de inovação da cadeia de saúde no Brasil, disse o diretor de Bio-Manguinhos, Artur Roberto Couto.
Segundo ele, o empreendimento vai fortalecer o complexo econômico-industrial de saúde. O centro reúne áreas de produção de ingredientes farmacêuticos ativos para biofármacos. Uma área de protótipos.
A primeira da América Latina, destinada a fazer lotes clínicos e lotes pilotos para estudos clínicos, ajudando a ainda a incipiente cadeia de inovação brasileira. O terceiro laboratório é dedicado à reativação e produção de diagnósticos.
– Para o tratamento, principalmente com biofármacos. É fundamental que você tenha reativos para diagnóstico, marcadores como nós chamamos, para dar o diagnóstico perfeito. A fim de fazer quase um tratamento personalizado – disse Couto. Ele informou que essa será a primeira planta no Brasil na produção de biofármacos em escala industrial, já em fase de oferecer produtos.
Na área de reativos para diagnóstico, serão produzidos teste sorológico para zika e teste molecular diferencial zika/dengue/chikungunya. Além de HIV e outras doenças. A capacidade de produção alcança 20 milhões de reações por ano.
Na parte do teste sorológico para zika, a demanda dada pelo Ministério da Saúde gira em torno de 1 milhão de testes/ano. Esse teste já está certificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Pode ser entregue para o ministério, acrescentou o diretor. Para o teste molecular diferencial zika/dengue/chikungunya, a demanda é de 3 milhões de testes por ano.
Na área de biofármacos, Artur Couto informou que a capacidade, na plataforma de célulaschinese hamster ovary (CHO). Por exemplo, é atender a toda a demanda das parcerias com o Ministério da Saúde. “Nós estamos falando, em matéria-prima, da casa de alguns milhões de frascos de biofármacos. Mais de 14 milhões de frascos”. Os produtos, entretanto, não são envasados no laboratório. Mas encaminhados a outro setor específico com essa finalidade, observou.
Os investimentos na construção do novo centro foram de R$ 478 milhões, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Ministério da Saúde.
A área financiada pelo BNDES e pela Finep, que foi a de protótipos, não vai atender somente à Bio-Manguinhos. Mas a todas as demandas existentes no país para inovação, na área de biológicos.
SUS
O Centro Henrique Penna vai beneficiar, principalmente, o usuário atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que depende de produtos, de biofármacos para tratamento, de kits de diagnóstico e para ter uma resposta mais rápida.
– Na realidade, toda a nossa produção é voltada para o SUS – ressaltou Couto. Segundo ele, na área de protótipos, a produção é voltada para a cadeia de inovação. Englobando universidades, centros de pesquisa, parceiros privados. “Todos esses que trabalham com inovação serão de alguma forma beneficiados ao dispor de área para fazer o seu trabalho”.
O diretor de Bio-Manguinhos disse que haverá economia de recursos. “O novo centro não pode ser olhado de forma isolada, mas no seu conjunto”. Dentro das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs), que visam à incorporação de tecnologia.
Couto afirmou que o novo centro ajuda que isso ocorra de forma mais rápida. “Porque era, justamente, o elo que faltava para o país começar a ter toda a produção nacional de biofármacos, desde a matéria-prima até o produto final.
Com isso, haverá uma economia enorme, porque um laboratório público está produzindo, fornecendo e dando acesso, com preço muito mais barato”.
De acordo com dados divulgados por Bio-Manguinhos, o mercado internacional de medicamentos biológicos cresce 12% ao ano. Movimentando em torno de US$ 160 bilhões anualmente. No Brasil, o investimento do Ministério da Saúde na compra de medicamentos subiu de R$ 6,9 bilhões para R$ 15,8 bilhões. Entre 2010 e 2015. Sendo que, desse total, 51% são destinados à compra de biológicos.
Mercado externo de biológicos
Artur Couto disse que o crescimento do mercado externo de biológicos, embora cause impacto no SUS, é muito importante. Porque traz condições de tratamento muito melhores do que as existentes hoje e pode ajudar a diminuir. Ou mesmo curar, doenças como o câncer e a artrite reumatoide. “E o SUS demanda isso da gente”.
O papel de Bio-manguinhos como empresa pública é ampliar a oferta de produtos com custo mais barato, para dar acesso à população como um todo. “E não limitar em função dos gastos, o que acontece muito”. Couto confirmou que o déficit da balança comercial de biofármacos chegou a cerca de US$ 2 bilhões em 2015. “O déficit da saúde é muito grande”, comentou.
Ele acredita, porém, que o novo centro vai contribuir para reduzir esse déficit. Couto considera importante que haja no Brasil uma área de produção de biofármacos completa porque, hoje, Bio-Manguinhos já produz a partir da formulação do produto.
– Formula, envasa, rotula, entrega. Agora, vamos ter a cadeia completa, desde a produção da matéria-prima até a rotulagem e o fornecimento do produto. Isso é um ganho incrível e com produtos já prontos para entrar dentro dessa nova planta”. É um grande ganho para o país, destacou.
A escolha do nome do novo centro é uma homenagem a Henrique de Azevedo Penna, médico pesquisador na área de desenvolvimento e produção da vacina contra a febre amarela no Brasil.