Irritado com uma condenação da Organização das Nações Unidas (ONU) apoiada pelos Estados Unidos à situação dos direitos humanos em Cuba, o presidente Fidel Castro criticou os norte-americanos por construir um ``campo de concentração'' na baía de Guantánamo.
Fidel disse no final da noite de segunda-feira que os países europeus que votaram contra Cuba na semana passada na Comissão de Direitos Humanos da ONU enfrentam agora uma decisão ``constrangedora'' sobre o enclave dos EUA no leste de Cuba. No local estão detidos centenas de prisioneiros desde 2002, sob suspeita de ligações terroristas.
Sem citar os EUA, Fidel afirmou que a base naval norte-americana ``tornou-se um campo de concentração'' onde nenhum direito é respeitado. Fidel Castro, que está com 77 anos, falou durante um programa de televisão que marcava o aniversário da fracassada invasão da baía dos Porcos, em 1961, por exilados cubanos treinados pela CIA e que tentavam acabar com a revolução socialista do líder.
No dia 15 de abril, a comissão de direitos humanos da ONU aprovou com uma pequena margem uma resolução de Honduras que condena o regime de partido únido de Cuba por violar liberdades básicas e exorta Cuba a permitir a vista de um enviado da ONU nomeado há um ano.
A defesa de Havana foi atacar os EUA por manterem centenas de supostos militantes da Al Qaeda e do Taliban em Guantánamo, sem processo. Diplomatas cubanos apresentaram no mesmo dia uma resolução sobre as detenções arbitrárias na base dos EUA.
O texto pede uma investigação da ONU na baía de Guantánamo. A resolução deverá ser debatida em Genebra na quinta-feira. Se aprovada, dará a investigadores da ONU poderes especiais para monitorar as condições na baía.