O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acredita no crescimento da economia brasileira neste e no próximo ano, mas apontou o financiamento de longo prazo como um entrave para o país e criticou a taxa de juros, que considerou "escorchante".
- Em 2004, a economia internacional começou a melhorar... aproveitamos a maré favorável e começamos novamente a crescer e acho que 2005 pode ser um bom ano - disse o ex-presidente (1995-2002) na noite de quinta-feira, durante palestra na comemoração dos 50 anos da construtora paulista Adolpho Lindenberg.
Fernando Henrique afirmou, no entanto, que 2002, último ano de sua gestão, foi um período difícil porque houve a "ameaça de mudarmos o curso" da economia, referindo-se às incertezas do mercado financeiro em relação à condução da economia pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas, lembrou que, se 2003 trouxe recessão, serviu também para reafirmar o rumo econômico, quando o governo Lula mostrou que "mesmo que quiséssemos, não seria mais possível mudar o curso da economia, no sentido fundamental, que ela tem de ser de mercado".
Para o ex-presidente, ainda falta solucionar uma questão-chave na economia, que é o financiamento de longo prazo com juros mais "razoáveis". A solução, frisou, só virá com maior confiança interna e externa. Ao tratar dos juros, ele se utilizou do exemplo do setor imobiliário, já que a platéia era formada por integrantes desse grupo.
- Daqui a algum tempo vai se conseguir equacionar esta questão do financiamento de largo prazo - disse. - Eu sei que isso aflige até hoje, mas eu sei que, a despeito das aflições, o setor imobiliário sempre foi tão criativo e imaginativo que ele resolveu estas questões, mesmo com as taxas escorchantes como as que nós temos. Imagine o que este pessoal vai fazer quando nós conseguirmos baixar mais as taxas de juros.