As Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc) acusam o presidente colombiano Álvaro Uribe de usar o tema da troca humanitária proposta pela guerrilha com interesses eleitorais. "A demagogia eleitoral do presidente é temerária e irresponsável porque joga com os sentimentos dos familiares e com as expectativas do país pela obtenção do intercâmbio", declararam em comunicado.
O documento é a reação das Farc ao rumo dado por Uribe às negociações iniciadas pelo governador do departamento do Valle, Angelino Garzón, que, com vistas a proceder o intercâmbio de prisioneiros, manteve contato com o comandante guerrilheiro Pablo Catatumbo. As Farc-EP enviaram um novo vídeo como prova de que estavam com vida os doze deputados da Assembléia Departamental do Valle, seqüestrados há trinta meses. Na fita, clamam ao presidente Uribe que negocie acordo humanitário que lhes possibilite a libertação.
Diante desta via de comunicação aberta, o presidente Uribe aproveitou para propor a liberação unilateral de 50 guerrilheiros, cifra posteriormente reduzida para 15. "A oferta não tem nada a ver com o intercâmbio, nem um acordo de troca admite misturas com o programa de reinserção do governo", explicam as Farc, visto que os combatentes soltos deveriam ser incorporados ao governo em postos diplomáticos.
"[Isto] pretende negar ao povo colombiano o sagrado direito à rebelião", argumentam as Farc, já que a troca humanitária serviria para que seqüestrados voltasse à família e prisioneiros de guerra à luta armada. Para a guerrilha, o governo colombiano "agora está oferecendo sedes diplomáticas de outros governos àqueles que, inicialmente, quiseram incluir na lista de terroristas [para] agora utilizar a favor de sua campanha pela reeleição, enquanto mantém a ordem de resgatar os prisioneiros a sangue e fogo".
No entanto, as Farc afirmam que seguem com a disposição de iniciar a troca humanitária. "Por tudo isso, antes, reiteramos que nossos porta-vozes estão prontos para dialogar nos termos do comunicado do último 14 de setembro e da carta que enviamos recentemente aos ex-presidentes Alfonso López e Ernesto Samper", declaram.
Apesar desta intenção, a guerrilha continua fazendo prisioneiros. Recentemente, o escritório na Colômbia do Alto Comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos condenou o seqüestro de Efrén Pascal, governador da reserva indígena Awá, situada no município de Ricaurte, Nariño. Segundo informação recolhida pela ONU, integrantes das Farc-EP seriam os responsável os seqüestro ocorrido no último 24 de outubro.
Farcs acusam Uribe de manobra eleitoral
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Terça, 09 de Novembro de 2004 às 12:08, por: CdB