Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

Facebook recua e aceita publicar a foto

Arquivado em:
Sábado, 10 de Setembro de 2016 às 10:06, por: CdB

Facebook decidiu permitir a publicação da histórica foto que proibira na Noruega, mostrando uma menina nua correndo numa estrada depois de atingida por napalm, lançado num ataque da aviação americana durante a Guerra do Vietnã

Por Rui Martins, de Genebra:
menina-sapalm-vietna-1.jpe
A foto histórica que o Facebook proibiu, mas que depois aceitou publicar Phan Thi Kim Phuc, hoje vivendo no Canadá, tinha nove anos quando foi fotografada, gritando de dor, por ter sido queimada com napalm
A direção do Facebook afirmou em São Francisco ter revisto sua decisão, levando em conta as reações dos utilizadores e a importância histórica da foto. Explicou também que em certos países a exposição de uma criança nua pode ser considerada como pedopornografia, mas "nesse caso, reconhecemos a importância histórica e mundial dessa imagem por documentar um momento particular", acrescentou o porta-voz de Facebook. O Correio do Brasil se associou aos jornais e redes sociais que denunciaram a censura exercida pelo Facebook e considera positivo seu recuo, cedendo aos argumentos em favor do respeito da liberdade de expressão, esperando que outros casos de intolerância sejam resolvidos e que Facebook não reincida no detestável papel de censor em matéria de artes, cultura, política e costumes.
menina-do-napalme-2.jpe
Logo embaixo o texto publicado ontem aqui, no Correio do Brasil: Facebook virou censor mundial O maior meio de informação das redes sociais, Facebook, provoca escândalo na Noruega, por ter censurado e apagado a conta de um escritor, que ilustrou um artigo sobre o malefício das guerras, com uma foto da menina queimada com napalm na Guerra do Vietnã. A rede social passou das medidas e vai se tornando uma espécie de censor mundial, decidindo unilateralmente o que as pessoas podem ou não publicar. O mais recente caso de censura pelo Facebook ocorreu na Noruega, onde o escritor Tom Egeland foi proibido de publicar a célebre foto de uma menina nua queimada por napalm pela aviação americana, durante a Guerra do Vietnã. A foto, de autoria do vietnamita Nick Ut Cong Huynh, premiada pelo Pulitzer, faz parte dos documentos históricos mundiais e foi publicada pela imprensa mundial em 1972. Diante da censura, Tom Egeland protestou e sua conta na rede social foi cancelada. A alegação pífia e insustentável do Facebook era a de não permitir a publicação de fotos de nudez. Esse abuso, recoloca a questão do direito ou não da rede norte-americana se transformar numa espécie de censor mundial. A própria chefe do governo norueguês, Erna Solberg, publicou no seu perfil uma crítica à liberdade de expressão por Facebook, curtida por milhares de noruegueses mas apagada, algumas horas depois, sem dar satisfações. O jornal mais lido na Noruega, o Aftenposten, reagiu publicando a mesma foto na primeira página com uma carta dirigida ao fundador e diretor da mais popular e mais poderosa rede social, Mark Zuckerberg, lamentando a maneira autoritária como ele limita liberdade em lugar de ampliá-la. A rede de Zuckerberg tinha retirado a foto da primeira página do jornal, reproduzida na rede social, sem quelquer consulta à direção do jornal. A ação de censura desta rede social provocou reações e condenações na população e na mídia, mesmo porque Facebook já exerceu a censura em outras situações que envolviam a publicação de obras de arte. É o caso do quadro de Gustave Courbet “a origem do mundo” e mesmo de fotos da Pequena Sereia, a simbólica estátua de Copenhague. Rui Martins, correspondente em Genebra.
Tags:
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo