Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Exército já fez acordo com o tráfico no passado

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Quinta, 23 de Março de 2006 às 07:03, por: CdB

Em matéria veiculada na edição desta quinta-feira, o diário paulista Folha de S. Paulo noticia que, em 2004, "para reaver um fuzil furtado por um soldado do Batalhão Escola de Engenharia, um oficial do Exército concordou em retirar sua equipe da favela de Antares em troca da devolução da arma. A operação foi negociada por um PM com o conhecimento desse oficial do Exército, revelam documentos da Justiça Militar".

O diário noticiou, no último dia 14, a negociação do Exército com o Comando Vermelho para recuperar 11 armas roubadas de um quartel em São Cristóvão. O acordo de 2004 aparece no processo 21/04-9, ao qual o jornal teve acesso na tarde desta quarta-feira, na 2ª Auditoria da Justiça Militar. Dois oficiais e equipes da Polícia do Exército e da Companhia de Inteligência participaram da ação, diz a Folha.

"Eles negociaram com o criminoso Patrick Chimenes, 'gerente' do tráfico local. Ele havia encomendado a arma e negociou por telefone a entrega, avisando onde ela estava. O autor do furto, em 10 de julho de 2004, foi o soldado Ivison Bastos dos Santos. Ele foi preso, delatou dois receptadores civis, e a arma foi recuperada numa operação no dia seguinte", escreve o jornal.

Em depoimento à Justiça Militar em 14 de agosto de 2004, o 2º tenente da Polícia do Exército Carlos Meireles Martins Júnior admitiu que a entrega da arma havia sido feita porque o tráfico não queria que a favela continuasse tomada por policiais civis, militares e do Exército. O jornal Extra publicou o acordo, em sua edição desta quarta:

"Após contatos do presidente [da associação de moradores] com o pessoal [tráfico], foi acertado que os militares deveriam se afastar daquele local, pois o fuzil estava próximo, o que foi feito, indo todos para o DPO (Destacamento de Policiamento Ostensivo); e enquanto aguardavam, alguém disse: "O fuzil apareceu, tá lá o fuzil'; e aí todos foram para a rua e, de um determinado ponto, o viram numa ponte."

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