Rio de Janeiro, 23 de Janeiro de 2025

Exército da Turquia aumenta presença na Síria

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Sexta, 02 de Setembro de 2016 às 10:21, por: CdB

Os curdos sírios repetidamente alertaram que a operação turca não é dirigida contra o EI, mas contra os curdos, com o objetivo de apoderar-se das cidades no norte de Aleppo

Por Redação, com Sputnik - de Beirute:

O exército turco aumentou sua presença na fronteira com a Síria a poucos quilômetros da cidade de Kobani. Quem afirma é o político curdo Hedu Reizan, membro do grupo da oposição Conselho Democrático da Síria.

– O bombardeio das regiões de Afrin pelas forças de ocupação turcas, as bombas de gás lacrimogêneo contra os civis em Kobani e o envio de grandes reforços para a fronteira com a Síria nas imediações do Kobani estão relacionadas com o que acontece na área de Um Hosh e Herbel –disse Hedu.

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Militares turcos declararam nesta sexta-feira que 27 militantes do grupo curdo PKK foram mortos em ataques aéreos e operações terrestres no sul do país

As Forças Democráticas da Síria, lideradas por curdos sírios, expulsaram em 30 de agosto os terroristas do Daesh (auto-intitulado Estado Islâmico) da cidade de Um Hosh, no norte de Aleppo. Os curdos sírios repetidamente alertaram que a operação turca não é dirigida contra o EI, mas contra os curdos, com o objetivo de apoderar-se das cidades no norte de Aleppo. Hedu reiterou o apelo do Conselho Democrático da Síria para que a comunidade internacional honre os seus compromissos e salve vidas humanas. Segundo ele, a comunidade internacional deve "parar a perigosa agressão turca começando desde Tel Abyad e Kobani e terminando em Afrin e Jarablus".

Militares turcos declararam nesta sexta-feira que 27 militantes do grupo curdo PKK foram mortos em ataques aéreos e operações terrestres no sul do país.

Foi destacado também que outras 30 pessoas ficaram feridas na ação, na província de Hakkari, uma área predominantemente curda do país onde o PKK tem travado uma insurgência de três décadas lutando pela autonomia curda.

O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse anteriormente que o grupo havia desperdiçado a chance de um processo político de paz, depois que lançou uma série de ataques a bomba na sequência do colapso de um cessar-fogo com o Estado no ano passado.  Confrontos armados entre o PKK e as forças turcas ocorrem regularmente na província de Sirnak, no sudeste do país, especialmente desde julho de 2015, após o cessar-fogo mal sucedido entre as partes.

Paz na Síria

Os EUA, a Turquia e alguns países europeus mandam sinais vagos quando se trata da Síria, um fato que está complicando cada vez mais a solução da crise no país que já deixou mais de 280 mil mortos.

Eis o que informou Wayne Madsen, jornalista e especialista em assuntos internacionais, em entrevista à agência Sputnik. Recentemente a Turquia tem feito uma virada na sua política externa, tentando ganhar mais amigos e dando respetivos sinais à Rússia, Irã e até ao presidente sírio Bashar al-Assad.

A Turquia providenciava apoio aos grupos radicais que tentavam derrubar Assad, um fato que contribuiu ainda mais para a desordem na Síria.

Há pouco tempo, a Turquia lançou uma operação terrestre, batizada de Escudo de Eufrates, no norte da Síria, mas analistas opinam que a 'aventura militar' turca vai complicar as coisas ainda mais. Por coincidência, essa operação começou no mesmo dia em que o vice-presidente dos EUA Joe Biden fez uma visita a Ancara. "Estamos vendo sinais mistos provenientes de Washington. Recentemente o vice-presidente Biden tem visitado a Turquia, dizendo que os curdos sírios não conseguem avançar a oeste a partir do local onde eles estavam. Estamos vendo que os turcos mandaram forças militares para a Síria. Eles afirmam estar contra (o Daesh), mas na realidade eles atacam os curdos sírios, a mesma coisa que eles estão fazendo contra os curdos turcos", explica Madsen.

Erdogan, bem como vários altos representantes turcos, afirmou que a operação visava afastar o Daesh da área fronteiriça e da cidade síria de Jarablus, frisando que esse não era o único objetivo. Mais uma meta seria evitar a tomada de novos territórios pelos curdos. A Turquia está preocupada que os curdos sírios poderão juntar áreas fronteiriças em uma só zona, assim criando uma estrutura autônoma entre os dois países.

É de mencionar que a Turquia tem demonstrado grande descontentamento pela falta de vontade por parte dos EUA em extraditar o clérigo Fethullah Gulen que, segundo Erdogan e seus apoiantes, foi o responsável pela tentativa fracassada de golpe no país.

Aqui existe "um verdadeiro dilema" com duas faces opostas, por um lado os EUA afirmam defender os direitos humanos, e por outro, não querem que Gulen seja extraditado.

Enquanto os EUA dizem estar trabalhando na questão da extradição, Gulen há já muito tempo tem sido protegido pela Agência Central de Inteligência (CIA) norte-americana. Por essa razão, Madsen duvida se as pessoas de todo o mundo podem realmente confiar nos EUA.

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