A general-de-brigada Janis Karpinski, que era encarregada das prisões no Iraque, disse hoje, sexta-feira, que o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, deve permanecer em seu cargo.
Rumsfeld "tem que participar destas investigações. É como o diretor-executivo da maior empresa do mundo e ele pode estabelecer políticas", disse Karpinski.
No entanto, a general garantiu que os soldados envolvidos nos abusos em Abu Ghraib só seguiam ordens, mas acrescentou que as repercussões pelo escândalo são "uma responsabilidade compartilhada".
Karpinski respondeu as perguntas do público através do site do jornal "The Washington Post", em um fórum no qual condenou novamente os abusos e reiterou que se opôs ao uso da força nas prisões.
A militar se inteirou dos abusos no dia 19 de janeiro, através de um e-mail, e embora não tenha justificado o que aconteceu, disse acreditar que "os soldados receberam instruções específicas... (porque) tinham achado que as fotos seriam usadas para outros propósitos como parte dos interrogatórios".
Karpinski, repreendida por seu comandante-geral, esclareceu que continua a cargo da brigada 800 da polícia militar, cuja sede está em Uniondale (Nova York), mas não descartou que possa ser submetida a mais ações disciplinares.
Perguntada sobre quem deve pagar pelo ocorrido, Karpinski disse primeiro que se trata de uma "responsabilidade compartilhada", mas depois acrescentou que, no final, "isto será determinado através da investigação em curso".
Karpinski destacou que tinha 3.400 soldados em 16 instalações a seu cargo, mas "não podia estar em todos esses lugares ao mesmo tempo".
Um dos soldados envolvidos, Jeremy Sivits, concordou em se declarar culpado, dar testemunho contra outros soldados e apresentar um relatório detalhado aos investigadores sobre o que verdadeiramente ocorreu em Abu Ghraib.
Sobre a decisão de Sivits, a general disse que sob o Código de Justiça Militar cada soldado tem o direito a responder às acusações pelas quais é incriminado e, nesse sentido, "é importante que tenham a chance de apresentar" qualquer informação relevante.
A general-de-brigada acrescentou que as fotos dos abusos até agora divulgadas são uma representação justa do que ocorria nas celas de Abu Ghraib, e que a divulgação de mais fotos não fará mais que atiçar a controvérsia.
Karpinski se mostrou preocupada com que a divulgação de mais fotos suscite uma reação de "olho por olho e dente por dente".
Por isso os EUA enfrentam um dilema: não divulgá-las e correr o risco de um gotejamento incessante, ou publicá-las de uma vez e correr o risco de mais reações de repulsa e violência no mundo árabe.
Em prévias declarações aos investigadores do exército, Karpinski disse que o comandante das tropas americanas no Iraque, o tenente-general Ricardo Sánchez; assim como o general Geoffrey Miller estiveram no eixo da tomada de decisões.