Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Ex-advogado da Gtech nega envolvimento em contrato com a Caixa

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Terça, 30 de Agosto de 2005 às 16:29, por: CdB

Em um depoimento bastante criticado pelos senadores, Enrico Gianelli, ex-advogado da Gtech, negou que tenha participado diretamente da negociação para a renovação do contrato entre a empresa e a Caixa Econômica Federal (CEF), que tem indícios de irregularidades. Mostrando muito nervosismo e entrando em contradição diversas vezes,Gianelli disse que apenas fez um levantamento sobre as atividades e a vida de Rogério Buratti, acusado de pedir propina à Gtech nas negociações para renovação do contrato. Segundo o advogado, essa pesquisa foi feita porque a Gtech queria contratar Buratti para "melhorar o relacionamento" dela com a CEF.

- Eu não participava das negociações. Eu só falo da parte legal - afirmou Gianelli à CPI dos Bingos nesta terça-feira.

Buratti foi secretário de governo na primeira gestão do hoje ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na prefeitura de Ribeirão Preto, e em depoimento na semana passada acusou Gianelli de participar da tentativa de se montar esquema de propinas entre o banco e a Gtech. Buratti defende que a multinacional ofereceu dinheiro para ter seu contrato renovado com a CEF de maneira mais interessante.

- Quem manteve contato com ele (Buratti) foi o (Marcelo) Rovai (ex-diretor da Gtech) - afirmou Gianelli, acrescentando que recebeu ameaças antes de depor.

Inicialmente, Gianelli disse que só poderia dar detalhes sobre as ameaças em uma sessão secreta. Mais tarde, no entanto, mudou a história. Disse que não tinha recebido ameaças e sim uma "advertência" de Rovai de que poderia perder seu emprego e até mesmo sua habilitação junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no "decorrer de 2003".

Gianelli, que era ligado ao escritório Fisher & Foster na época, argumentou que não sabia o porquê da advertência e que não sabia se Rovai estaria falando em nome da Gtech.

- Não fiz nada de errado como advogado. Em briga de elefante, quem sofre é a grama - afirmou o advogado.

Para os senadores que integram a comissão, Gianelli mentiu em seu depoimento.

- Ele não está dizendo a verdade. Por enquanto, as declarações dele não ajudam em nada as investigações - afirmou o presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), num dos intervalos do depoimento.

O senador adiantou que analisará a possibilidade de se reconvocar figuras importantes para a CPI dos Bingos para uma acareação. São elas: Gianelli, Rovai, Buratti, Waldomiro Diniz (antigo assessor do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu), Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira (empresário de jogo), e Walter Santos (sócio da MM Consultoria, que prestou serviços para a Gtech).

Confusão

Antes do depoimento de Gianelli começar, a comissão aprovou a convocação para depoimento do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, causando discussão entre os senadores da CPI. A avaliação de alguns deles é de que esse depoimento não teria relação com a investigação envolvendo as casas de bingo, principal objeto da CPI, mas sim seria um ato político para se atingir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Okamoto disse ter pago empréstimo do PT a Lula.

- Não vejo motivação para a apresentação do requerimento (...) eu não convocaria o Okamoto - afirmou o relator da CPI, Garibaldi Alves (PMDB-RN).

O requerimento é do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e sua justificativa envolve o depoimento de Buratti, dado na semana passada, em que ele afirma que a campanha presidencial de Lula teria recebido contribuição de casas de bingo de São Paulo e do Rio. O senador baiano argumenta que Okamoto teve a "participação ativa" naquela campanha, o que justificaria sua convocação. ACM adiantou que não irá retirar o requerimento, única forma de se evitar o depoimento depois de votado.

Nesta terça-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reuniu-se com os presidentes e relatores das CPIs para tentar organizar os trabalhos e evitar a sobreposição de convocações e o

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