Quatro fuzileiros navais americanos foram indiciados por assassinato "não premeditado" no processo que apura a responsabilidade pela morte de 24 civis em Haditha, no Iraque. Os civis iraquianos, incluindo uma criança de três anos e um homem de 76, foram mortos em 19 de novembro de 2005 por um esquadrão de fuzileiros, que na época alegaram ter agido em legítima defesa.
Outros quatro fuzileiros que participaram da operação foram indiciados por acusações mais leves. Os Estados Unidos só lançaram uma investigação completa sobre o que aconteceu em Haditha três meses depois, quando uma fita de vídeo gravada no local foi levada por um ativista de direitos humanos à revista Time.
O inquérito, apenas um entre vários que o Exército conduz envolvendo suposto uso de força ilegal por seus militares, levantou discussões sobre o treinamento e a liderança dadas aos soldados americanos no Iraque e sobre a forma como a insurgência vem sendo combatida.
Os advogados de defesa alegam que os fuzileiros da primeira divisão da Marinha se envolveram em uma batalha ferrenha com um grupo de iraquianos depois que uma bomba explodiu na estrada, matando um fuzileiro e ferindo outros dois.
O primeiro comunicado da Marinha à imprensa dizia que alguns civis haviam sido mortos na explosão inicial e o restante havia sido atingido no fogo cruzado entre fuzileiros e insurgentes.
De acordo com o inquérito, cinco homens, que não estavam armados, foram mortos a tiros quando se aproximavam do local da explosão em um táxi. Os outros morreram nas horas seguintes em três casas diferentes. Entre as vítimas, além da criança e do senhor de 76 anos, havia várias mulheres. A defesa admite que civis possam ter morrido em meio ao caos, mas refuta a tese de assassinato intencional.
O sargento Frank Wuterich, de 26 anos, vai responder a acusações de assassinato não premeditado de 18 civis. O crime, que seria equivalente a assassinato em segundo grau no direito civil, pode ser punido com prisão perpétua.
De acordo com o processo, o sargento deu ordens para seus homens "atirar primeiro e fazer perguntas depois" quando entraram em uma das casas. O sargento Sanick P. Dela Cruz foi acusado de assassinato não premeditado em cinco mortes e de fazer uma falsa declaração oficial.
Outro militar de patente mais baixa (equivalente ao cabo do Exército), Justin Sharratt, foi acusado de assassinato não premeditado na morte de três iraquianos. Stephen B. Tatum, da mesma patente, vai responder à mesma acusação pela morte de dois iraquianos, além de homicídio negligente de quatro civis e agressão a dois iraquianos.
A 96 km ao norte de Bagdá, Haditha é um dos redutos da insurgência sunita.
EUA indiciam soldados por mortes de civis no Iraque
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Quinta, 21 de Dezembro de 2006 às 19:26, por: CdB