Rio de Janeiro, 05 de Janeiro de 2025

EUA enviam armas a combatentes curdos que defendem cidade Síria

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Segunda, 20 de Outubro de 2014 às 08:32, por: CdB
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EUA realizam ataques aéreos para conter avanço de militantes do 'Estado Islâmico' na cidade síria de Kobane Milhares de pessoas deixaram Kobane devido aos confrontos; grande parte se refugia na Turquia Soldados e armamento americanos no Afeganistão
Aviões militares dos Estados Unidos lançaram armas, munição e produtos médicos para combatentes curdos que enfrentam militantes do grupo autodenominado 'Estado Islâmico' na estratégica cidade Síria-curda de Kobane, na fronteira com a Turquia. Ataques aéreos norte-americanos têm impedido o avanço do 'Estado Islâmico' sobre a cidade, mas os militantes ainda são uma ameaça às forças curdas. Segundo o Centro de Comando militar dos EUA, Kobane "ainda pode cair". Aeronaves de transporte C-130 realizaram "diversos" lançamentos de ajuda, que foi disponibilizada por autoridades curdas no Iraque, segundo o Centro. Todos os aviões envolvidos na operação retornaram com segurança. Militantes do 'Estado Islâmico' controlam um vasto território entre a Síria e o Iraque. Tomar Kobane é um objetivo estratégico para o grupo e combates intensos têm sido realizados na cidade nas últimas semanas. A maioria dos moradores deixou a área e grande parte buscou refúgio na Turquia. Os EUA já realizaram mais de 135 ataques aéreos contra alvos do 'Estado Islâmico' em Kobane, segundo o Centro. Centenas de combatentes foram mortos e equipamentos e posições de combate dos militantes foram destruídos ou danificados, disse o comunicado. Correspondentes, no entanto, disseram que os lançamentos de ajuda devem irritar a Turquia, aliada estratégica dos EUA na região.
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Neste domingo, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que não permitirá que combatentes curdos recebam qualquer transferência de armas dos EUA. A Turquia tem resistido aos pedidos para ajudar os curdos a lutar por Kobane, descrevendo-os como terroristas, assim como o grupo militante curdo PKK, que também é considerado uma organização terrorista pelos EUA e a União Europeia. A situação entre a Turquia e os curdos é complicada. Estes vivem espalhados pela região, em partes da Turquia, Iraque, Síria e Irã, mas a maioria deles está no sudeste da Turquia, onde há décadas lutam por um país independente. Milhares morreram em confrontos contra o governo turco e um cessar-fogo só foi anunciado em 2013. Uma autoridade do governo norte-americano disse que o presidente Barack Obama telefonou para Erdogan no sábado para informá-lo dos lançamentos. Equipamentos
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No Afeganistão, na véspera da retirada das tropas da coligação, tornou-se conhecido um novo escândalo com as forças de retaguarda norte-americanas. Constatou-se que foram “jogados no lixo” quase US$ 1,5 bilhões dos impostos dos cidadãos norte-americanos. Em um aeródromo de Cabul foram destruídos 16 aviões militares de transporte, adquiridos pelo Pentágono para o exército afegão, mas que nunca lhe foram entregues. Segundo os peritos, a causa dessas ações podem ter sido não só erros de gestão, mas também corrupção. 16 aviões G.222 de fabricação italiana chegaram a Cabul há alguns anos atrás. Eles quase não voaram devido à falta de peças sobressalentes e, a partir de março do ano passado, ficaram completamente parados. Segundo apurou John Sopko, principal inspetor militar dos EUA, há uns meses atrás, todos os aviões foram destruídos por escavadoras perto do aeródromo de Cabul. A sucata obtida foi vendida por uma construtora afegã a seis centavos a libra. Em outras palavras, quase todos os 468 milhões de dólares transformaram-se em lixo. “Quase” tudo, porque 4 dos 20 aviões comprados ficaram intactos e encontram-se numa base da Força Aérea na Alemanha. O inspetor militar esteve anteriormente em Cabul, viu os aviões parados, chamou a atenção para o problema das peças sobressalentes, mas os respectivos serviços de prevenção não deram ouvidos por alguma razão. Já tinham acontecido escândalos com os serviços de retaguarda norte-americanos em Cabul. Há uns anos atrás, foi noticiado um enorme roubo de combustível pelo pessoal norte-americano, recorda Nikita Mendkovich, perito do Centro de Estudos do Afeganistão Contemporâneo. Mas, segundo ele, semelhantes incidentes não levarão à revisão dos princípios de prestação de ajuda a Cabul: “Trata-se de um fenômeno por si só desagradável para os EUA, mas dificilmente provocará quaisquer convulsões políticas. Este exemplo parece mostrar mais a ineficácia da gestão, mostrada por atos tão estranhos”. Todavia, não se pode excluir que por detrás dos aparelhos voadores não tanto esteja a ineficácia quanto algum esquema de corrupção. Vladimir Evseev, diretor do Centro de Estudos Sócio-Políticos, opinia: “Quando se adquire aviões militares de transporte, isso deve ser acompanhado da criação de um sistema da sua manutenção. No mínimo, a criação de um centro de manutenção no Afeganistão, o que não foi feito. Será que estava prevista a compra de peças sobressalentes ou não? Colocam-se numerosas questões e pode-se supor que, inicialmente, não estava planejado utilizá-los em ações de combate. Não vejo a necessidade de tão grande aquisição de aviões militares de transporte para o exército afegão”. Segundo o perito, o atual exército afegão serve mais para manter territórios do que para operações ofensivas, quando é necessário a deslocação rápida de tropas em aviões. Mais, os afegãos não estavam prontos para receber esses aparelhos. Eles não tinham nem pilotos para esse tipo de aviões, nem pessoal técnico. Os norte-americanos não podiam não saber disso. Mas porque é que Washington forneceu os aviões sabendo que os afegãos não os podem utilizar? Além da versão da corrupção, há ainda outra: cria-se a aparência no lugar da prestação de ajuda real. Os peritos chamam a atenção para o fato de os norte-americanos, sob os mais diferentes pretextos, não darem a Cabul, por exemplo, armamentos pesados. O fato de os afegãos não terem pilotos preparados e armamentos pesados significa que os norte-americanos não estão interessados no exército afegão com capacidade total de combate. É melhor um que dependa completamente dos Estados Unidos. Porque os EUA procuram pretexto para ficar. Se os afegãos conseguirem sozinhos acabar com os talibãs, que ficarão lá a fazer os norte-americanos? Terão de regressar a casa. Mas Washington gostaria de fixar-se no Afeganistão durante muito tempo. Turquia A Turquia disse nesta segunda-feira que permitirá a passagem de combatentes curdo-iraquianos para ajudar seus companheiros curdos na cidade síria de Kobani, ao passo que os Estados Unidos entregaram armas pela primeira vez aos defensores de Kobani, para ajudá-los a resistir ao avanço do Estado Islâmico. Washington disse que as armas haviam sido fornecidas por autoridades curdo-iraquianas e tinham sido entregues por aviões perto de Kobani, que vem sofrendo intenso ataque do Estado Islâmico desde setembro e agora está cercada pelo leste, oeste e sul. A cidade faz fronteira ao norte com a Turquia. A Turquia estacionou tanques nas colinas de frente a Kobani, mas se recus a ajudar as milícias curdas em solo se não houver um acordo mais amplo com seus aliados da Otan sobre intervenção na guerra civil da Síria. O governo turco quer que sejam tomadas ações contra o presidente sírio, Bashar al-Assad. No entanto, o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, disse em uma coletiva de imprensa que a Turquia estava facilitando a passagem de forças curdo-iraquianas, os chamados soldados peshmerga, os quais combateram o Estado Islâmico quando o grupo militante atacou a região autônoma curda no Iraque há alguns meses. Ele não deu detalhes. A recusa da Turquia para intervir na batalha contra o Estado Islâmico, que tomou grandes áreas da Síria e do Iraque, tem levado a uma crescente frustração nos Estados Unidos. Essa atitude também provocou manifestações violentas no sudeste da Turquia de curdos furiosos com a recusa do governo turco em ajudar Kobani ou pelo menos abrir um corredor para que combatentes voluntários ou reforços se dirigissem para lá. O governo turco vê os curdos-sírios com grande suspeita por causa de seus laços com o PKK, um grupo militante que há décadas trava uma campanha pelos direitos curdos na Turquia.
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