Moscou dispõe da informação que os EUA conhecem as posições concretas do agrupamento terrorista Estado Islâmico (EI) mas não as mandam bombardear, disse o chanceler russo Sergei Lavrov.
- Alguns dos nossos colegas da coalizão falam que às vezes têm a informação onde concretamente estão algumas subdivisões do EI, mas o comandante da coalizão (naturalmente, os EUA) não as manda atacar - declarou Lavrov.
Em entrevista ao canal russo de TV Pervy, o chanceler comentou a situação na Síria e as relações da Rússia com o Ocidente.
Sergei Lavrov criticou os métodos ocidentais de resolver a crise. Segundo ele, os bombardeios da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o EI seriam mais eficazes se fossem coordenados com as autoridades sírias:
- Se o objetivo é não deixar consolidar os territórios iraniano e sírio como centro do califado imaginado pelo EI, primeiramente, é preciso apoiar os que lutam contra os bandidos em terra, isto é, o exército iraquiano, os curdos iraquianos, o exército sírio e as tropas irregulares dos curdos sírios - disse o chanceler, adicionando que Moscou apela para coordenar os esforços de todos os que lutam em terra com a operação aérea.
Respondendo à pergunta se o Ocidente está disposto a ouvir as propostas russas para resolver a crise síria, o ministro notou:
- Acho que eles ouvem bem… Talvez receiem perder a face. Muitos políticos no Ocidente orientam-se pelo seu eleitorado, pela forma como esta ou aquela ação será encarada, pelos eleitores. Estes políticos se colocaram a si próprios em um beco sem saída ao dizer: ‘Bashar Assad não tem lugar na futura Síria, não nos sentaremos com ele à mesma mesa e não queremos ter nada a ver com ele’. Estes políticos cometem um grande erro - considera o chefe da diplomacia russa.
Além disso, o ministro russo reiterou que a Rússia continuará a fornecer ajuda militar ao governo sírio para “efetuar a reparação do equipamento correspondente, treinar o pessoal sírio a operar este equipamento”.
Quanto ao diálogo da Rússia com o Ocidente, Sergei Lavrov disse que os parceiros ocidentais, influenciados pelos EUA, perdem a cultura do diálogo e assim que não conseguem resolver algum problema, recorrem às sanções. Segundo ele, “o programa nuclear iraniano foi uma exceção notável e muito rara”.