Depois da fuga das aplicações em títulos brasileiros de longo prazo em maio, os investidores estrangeiros retomaram o movimento de retorno ao mercado de dívida nacional. Nas últimas duas semanas, a demanda de investidores internacionais pelos papéis indexados à inflação (NTN-B) com vencimento em 2045 aumentou. Esse movimento está ajudando a reduzir os juros pagos nas negociações desses títulos e a aumentar as negociações no mercado.
No auge da volatilidade que tomou conta dos mercados financeiros mundiais em maio e início de junho por causa do temor de um aumento nos juros americanos, os investidores estrangeiros, principalmente hedge funds (fundos de investimento agressivos), venderam as NTN-B. Esses papéis são indexados à inflação brasileira e representam a maior parcela dos 21% da dívida pública nacional que são corrigidos por índices de preço.
A dificuldade em achar compradores fez com que os juros pagos no papel disparassem. No início de maio, o mercado secundário negociava esses títulos a uma taxa de 8% ao ano. Semanas depois, no auge das turbulências no mercado financeiro, os juros das NTN-B chegaram a 9,3% ao ano. À medida que o Fed, o banco central americano, sinalizou que o aumento de juros feito já estava sendo suficiente para conter pressões inflacionárias nos EUA, houve melhora natural nos mercados mundiais. No fim do mês de junho, a NTN-B já refletia essa mudança positiva e era negociada a uma taxa de 9% ao ano.
No início desta semana, a taxa dos títulos de longo prazo indexados à inflação caiu ainda mais e eles foram vendidos a 8,2% ao ano.
- A liquidez nesses papéis está voltando. Certamente são os investidores estrangeiros retornando ao mercado - diz o economista-chefe do Banco Itaú, Tomás Málaga.