O governo espanhol deu ordens a seus embaixadores, pouco depois dos atentados da última quinta-feira em Madri, para que difundissem a versão de que o ETA foi o responsável pelos ataques, informou no sábado o jornal El País.
``Vossa Excelência deverá aproveitar as ocasiões para confirmar a responsabilidade do ETA nestes atentados brutais, ajudando assim a dissipar quaisquer tipos de dúvidas de certas partes interessadas'', disse o jornal, citando o texto que teria sido enviado pela ministra das Relações Exteriores do país, Ana Palacio.
Não foi possível confirmar de imediato a informação junto às autoridades no Ministério.
As explosões em cadeia que abalaram a capital espanhola na quinta-feira de manhã deixaram 200 mortos e quase 1500 feridos.
O governo se adiantou na quinta-feira para apontar o ETA como o principal suspeito pelos ataques, mas surgiram também outras linhas de investigação depois que um grupo vinculado à rede Al Qaeda teria assumido a autoria dos atentados.
Além de garantir a segurança no país, a identificação dos responsáveis pelas explosões é crucial para as eleições de amanhã.
Responsabilizar o ETA poderia beneficiar o Partido Popular, que tem mantido uma posição firme contra os integrantes da luta pela independência basca.
Porém, se for provado que a Al Qaeda ou outro grupo extremista islâmico estiver por trás dos atentados, isto poderia ser considerado como o preço pago pelo apoio do presidente José María Aznar à guerra no Iraque.
O jornal El País disse que as instruções internas do governo, enviadas na tarde de quinta-feira, incluíam a responsabilização imediata do ETA por parte do Ministério do Interior.
``O ministro do Interior confirmou a participação do ETA. Isto é confirmado pelo tipo de explosivo utilizado e pelo padrão utilizado nos ataques, habitual ao ETA, assim como por outras informações que ainda não foram divulgadas por razões óbvias'', diz o texto.
No entanto, o governo espanhol tem sido menos categórico ao afirmar que o ETA continua sendo o principal suspeito, mas que também existem outras teorias.
As suspeitas do envolvimento de extremistas árabes aumentaram depois que foi encontrado um furgão com explosivos e uma fita em árabe, além de uma carta em que um grupo vinculado à Al Qaeda assumia a autoria dos ataques.
Além disso, o ETA negou a autoria dos ataques na quinta-feira à tarde.
Segundo o jornal El País, o Ministério de Relações Exteriores não quis comentar na sexta-feira o telegrama de Palacio, ou confirmar o envio de outras instruções aos embaixadores.