O alvo do projeto é dar visibilidade à modalidade olímpico, pouco conhecido no país, à medida que o Rio se prepara receber os Jogos de 5 a 21 de agosto
Por Redação, com Reuters - do Rio de Janeiro:A quatro meses das Olimpíadas do Rio, crianças da cidade-sede dos Jogos estão aprendendo a empunhar espadas em aulas de esgrima que se espalharam por escolas públicas e conquistaram novos fãs para a modalidade.
A Federação Internacional de Esgrima (FIE), junto às federações brasileira e do Rio de Janeiro, levará o esporte a 40 escolas públicas em março e abril, visitando duas por dia.
O alvo do projeto é dar visibilidade à modalidade olímpico, pouco conhecido no país, à medida que o Rio se prepara receber os Jogos de 5 a 21 de agosto.
Os alunos receberam bem o esporte e se imaginam imitando heróis que cresceram vendo em filmes e desenhos, disse o técnico Arno Schneider.
– Crianças sonham com as lutas de espadas que veem em filmes, como no Zorro um duelo muito parecido com o que temos nesse esporte – disse.
Os participantes do projeto recebem ingressos grátis para o Grand Prix de Esgrima e o Campeonato Mundial, na Arena Carioca 3, um evento-teste dos Jogos Olímpicos.
Com um novo entusiasmo para o esporte, Caíque da Silva disse que será um grande torcedor dos esgrimistas olímpicos quando a competição tiver início na capital carioca.
– Achei bem legal, queria fazer de novo se tiver outra oportunidade – disse. "Quando (as Olimpíadas) chegar vou torcer para o Brasil".
Segurança das Olimpíadas
As recentes mudanças em cargos-chave do governo federal ligados à Olimpíada do Rio de Janeiro podem gerar desconfiança internacional sobre a organização do evento, mas não há razão para preocupação com o esquema de segurança, disse na quinta-feira o responsável pela segurança pública nos Jogos, ao comentar a troca no comando da Força Nacional.
Em meio à tramitação de um processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff no Congresso, o coronel Adilson Moreira deixou nesta semana o comando da Força Nacional, que será responsável por parte da segurança das Olimpíadas, fazendo críticas ao governo e a Dilma em um email enviado a subordinados.
Apesar dos impactos negativos da crise política a cerca de quatro meses do início do Jogos Olímpicos, agravada por um quadro de recessão econômica, o responsável por comandar o plano de segurança pública dos Jogos garantiu a realização tranquila do evento.
– Toda essa instabilidade e turbulência política e dificuldades econômicas óbvio que não é bom e geram uma desconfiança no processo como um todo, mas as pessoas precisam saber que a operação de segurança envolve mais de 80 mil homens – disse à agência inglesa de notícias Reuters Andrei Rodrigues, secretário de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, em entrevista por telefone.
– Não há razão, apesar de a turbulência ser ruim, para se preocupar com a segurança... As instituições são maiores do que as pessoas – acrescentou.
A exoneração de Moreira do comando da Força Nacional foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União, que também trouxe a nomeação de Marcello Barros de Oliveira como substituto.
O Ministério da Justiça, ao qual a Força Nacional está subordinada, instaurou um inquérito administrativo para apurar a conduta do coronel e submeteu o assunto à comissão de ética da Presidência, uma vez que houve citação a Dilma, e também solicitou à Advocacia-Geral da União que verifique eventuais medidas judiciais.
Além da mudança no comando da Força Nacional, o governo, que contabiliza apoios para tentar barrar o processo de impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, confirmou na quarta-feira a troca do ministro do Esporte, substituindo George Hilton por Ricardo Leyser como resultado de uma disputa envolvendo o antigo partido do ex-ministro, o PRB.
O secretário reconheceu que as mudanças ligadas diretamente à organização dos Jogos "não são boas", mas disse que o planejamento de segurança está mantido "e não vai haver mudança de rumo".
Protestos
A Força Nacional de Segurança prevê o emprego de cerca de 9.600 homens nas Olimpíadas e será responsável por atuar em arenas e instalações olímpicas com cerca de 6 mil homens. Os demais formarão uma força de contingência que atuará em parceria com os agentes de segurança locais do Rio de Janeiro.
A segurança sempre foi uma das maiores preocupações do Comitê Olímpico Internacional (COI) em relação aos Jogos do Rio.
A cidade foi escolhida em 2009 como sede dos Jogos em parte por ter convencido os dirigente do COI da eficácia do programa de ocupação de favelas pela polícia, as chamadas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que reduziram os índices de criminalidade. As UPPs, no entanto, passaram a ser questionadas nos últimos anos devido a um retorno da criminalidade, ainda que em menor escala.
O valor total de investimento em segurança nos Jogos ainda não foi apresentado. Até o momento, o custo divulgado é de R$ 930 milhões, sendo R$ 350 milhões do Ministério da Justiça e R$ 580 milhões por parte do Ministério da Defesa. Há ainda recursos investidos em equipamentos para a Copa de 2014 que também serão utilizados nos Jogos.
– Esse é o maior esquema de segurança da história do país – disse Rodrigues à Reuters.
O cenário político conturbado também se tornou um ingrediente a ser monitorado pelas forças de segurança nos Jogos Olímpicos devido ao risco de protestos violentos.
O atual quadro levou milhões de pessoas a protestar em várias cidades do país contra o governo neste mês, e também houve protestos, em menor escala, de manifestantes favoráveis ao governo.
Segundo o secretário, não vai haver tolerância com eventuais protestos violentos durante os Jogos.
– Não vamos tolerar a ocorrência de crimes em manifestações – afirmou. “É claro que em um cenário de instabilidade sempre tem possibilidade de os ânimos se acirrarem ainda mais num período de campanha e de eleições em seguida. Estamos atentos e acompanhando”, afirmou.