Ao ouvir Honkin` On Bobo, último disco do Aerosmith, as 11 versões de clássicos do blues traduzidas para o rock (em sintonia com as rádios voltadas para o público jovem) podem soar como uma adorável reciclagem de velhos valores. Partindo mais ou menos do oposto, Eric Clapton lança Me and Mr. Johnson. O disco é uma homenagem, uma confissão, até mesmo um desejo jamais realizado de união entre Robert Johnson e Clapton.
Johnson faleceu aos 27 anos, no final dos anos 30. Com apenas 29 músicas em seu repertório total (o guitarrista só participou de duas sessões de gravação), seu impacto na música foi similar a de um Hendrix, um Valens ou um Vassourinha (Mário Ramos de Oliveira, que morreu no mesmo que Johnson, com 28 anos).
Clapton gravou quase a metade de seu repertório. Ao todo são 14 faixas que transpiram uma paixão que se não acrescentou muito a música de Johnson, acrescentou ao currículo de Clapton. Come On In My Kitchen e They`re Red Hot são exemplos da comedida relação dos guitarristas. Clapton tem um respeito fundamental pelo repertório de Johnson, o que ao mesmo tempo em que o gratifica, restringe.
São palavras cuidadosas do próprio Clapton para com seu mestre: "Agora, após todos esses anos, sua música é como meu mais velho amigo, sempre na minha cabeça e no horizonte...Sempre confiei em sua pureza, e sempre confiarei..."
Me and Mr. Johnson é uma dessas parcerias pictóricas, assim como a capa, um desenho baseado em cima de uma fotografia. Eric Clapton desenhou Robert Johnson sem perder a perspectiva.
Eric Clapton faz animação com Robert Johnson
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Segunda, 19 de Abril de 2004 às 06:51, por: CdB