Declaração é resposta à decisão do Parlamento Europeu de congelar negociações sobre adesão turca à UE. Se colocada em prática, medida quebraria compromisso para conter o fluxo de refugiados à Europa
Por Redação, com DW - de Ancara:
Após o voto do Parlamento Europeu pela suspensão temporária das negociações sobre a adesão da Turquia à União Europeia (UE), o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou abrir as fronteiras do país para os refugiados em direção à Europa.
– Ouçam: se vocês não derem continuidade [às conversações], as fronteiras serão abertas. Lembrem-se disso – disse Erdogan durante um discurso em Istambul realizado nesta sexta-feira e direcionado ao bloco europeu.
Em março deste ano, Bruxelas e Ancara fecharam um acordo para conter o fluxo de refugiados rumo à Europa.
O pacto prevê que a Turquia receba novamente refugiados que tenham entrado ilegalmente no continente europeu através de território turco.
Após a assinatura do acordo, foi observada uma redução significativa no número de pessoas que tentam fazer a perigosa travessia, que parte da Turquia em direção às ilhas gregas.
Negociações
Na quinta-feira, os eurodeputados reunidos em Estrasburgo pediram o "congelamento temporário" das negociações com a Turquia. O argumento é de que o governo Erdogan usou uma "repressão desproporcional" no país desde o golpe frustrado de julho.
A resolução foi aprovada por ampla maioria: dos 623 parlamentares presentes, 479 votaram a favor. Enquanto 37 foram contra e 107 se abstiveram. Embora de caráter não vinculativo, o resultado da votação manda um forte recado a Ancara. Além de colocar sob pressão a Comissão Europeia, que conduz as conversações.
– A Turquia é parceira importante da UE – disseram os eurodeputados em um comunicado conjunto. "Mas, em parcerias, a vontade de cooperar tem que partir dos dois lados. A Turquia não tem demonstrado essa vontade política, pois as ações do governo estão desviando o país de sua trajetória europeia."
De acordo com a resolução, os legisladores se comprometeram a revisar seu posicionamento quando "forem suspensas as medidas desproporcionais adotadas durante o estado de sítio na Turquia". Quando então vão avaliar "se o Estado de Direito e os direitos humanos foram restaurados em todo o país".
O processo de adesão da Turquia à UE foi iniciado em 2005. Um acordo para acelerar as negociações foi fechado em março de 2016, na sequência do pacto sobre migrações concluído entre ambas as partes.