Um engenheiro suíço residente em Dubai, a quem a polícia malaia acusa de participação em contrabando nuclear a favor da Líbia, proclama sua inocência em declarações à imprensa suiça. O engenheiro, chamado Urs Tinner, abandonou Malásia no passado dia 9 de novembro porque, segundo assinala no dominical NZZ am Sonntag, foi despedido do posto no qual trabalhava.
A polícia malaia o acusa de haver fabricado naquele país peças de máquinas fresadoras e tornos destinadas a construção de centrífugas de gás para o enriquecimento do urânio no programa nuclear líbio. No dia 4 de outubro de 2003, uma carga desse tipo foi confiscada a bordo do cargueiro BBC China em águas italianas, quando se dirigia à Líbia, e a polícia malaia o acusa de ter destruído os planos técnicos antes de abandonar a Malásia.
As autoridades de Kuala Lumpur dizem basear-se em informações do cidadão cingalês Buhary Seyed Abu Tahir, que passa por ser uma das figuras chave do contrabando atômico internacional e mantém contatos com o "pai da bomba atômica paquistanesa", Abdul Qadeer Jan. Tahir enviou a Tinner à Malásia em 2001 para construir a fábrica Scope, assinala o dominical suíço, que qualifica, no entanto, surpreendente que em seu relatório, a polícia malaia responsabilize só ao engenheiro suíço e não diga nada, pelo contrário, do possível papel da Scope ou do próprio Estado malaio.
Em suas declarações a esse jornal, Tinner assegura não haver sabido a quem estavam destinadas as peças de maquinaria fabricadas e assinala além disso que podiam utilizar-se tanto para a fabricação de automóveis que como pesos para segurar papéis. Segundo NZZ am Sonntag, não é a primeira vez que o nome de Tinner aparece relacionado com atividades de proliferação nuclear. O pai do engenheiro suíço, Friedrich Tinner, mencionado também no relatório policial, conhece ao cientista paquistanês Abdul Qadeer Jan.
Até começos dos anos oitenta, Friedrich Tinner foi responsável das atividades de exportação da firma VAT. Seu filho diz haver visto Jan alguma vez no complexo de apartamentos de Dubai onde vivia porque tinha ali uma casa, e diz que as relações entre Jan e seu pai se remontam a trinta anos antes e se deviam ao trabalho deste último na VAT, empresa que exporta a todo o mundo.
A secretaria de Estado de Economia de Suíça abriu uma investigação prévia para determinar se o engenheiro pôde incorrer em atividades que violaram as sanções em vigor contra o regime líbio do coronel Kadhafi.
Engenheiro suíço nega contrabando nuclear
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Domingo, 07 de Março de 2004 às 08:26, por: CdB