Investidores e empresários manifestaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira preocupação com as taxas de juros, com o câmbio e com as limitações de infra-estrutura do país. Apesar das queixas e da retração da economia no terceiro trimestre, alguns dos maiores pesos-pesados da indústria disseram que mantêm o otimismo em relação a 2006, prevendo mais investimentos no país.
- Eu destacaria primeiro a importância e a confiança que os investidores e as empresas têm no país, no país e no governo do presidente Lula e na sua equipe - disse o mexicano Carlos Slim, da gigante de telecomunicações Telmex, após reunião com o presidente e outros empresários num evento realizado em São Paulo.
A Telmex fez investimentos da ordem de 2 bilhões de reais no Brasil em 2005 e deve repetir a dose em 2006, disse Slim a jornalistas.
- Nós continuamos investindo, independentemente dos pequenos tropeços - disse ele, ao comentar os dados divulgados esta semana sobre a redução de 1,2 por cento do PIB de julho a setembro em relação ao segundo trimestre.
De olho nas condições a longo prazo, empresários e investidores não pareceram preocupados com a crise política que atinge o governo, tampouco com eventuais turbulências em 2006 motivadas pelas eleições.
- Acho que de forma alguma (o clima eleitoral) interfere nos planos de investimentos de longo prazo. Acho que é uma retração (do PIB) conjuntural, e que o país vem numa trajetoria de crescimento e que a gente tem que olhar a tendência do próximo ano. De modo geral, a sensação é de otimismo entre os empresários - disse o presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, durante entrevista ao lado do ministro da Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.
Segundo Agnelli e Furlan, no entanto, durante a conversa com Lula e com ministros, os empresários levantaram questões sobre os juros, o câmbio e a simplificação de regulamentações. Klaus Meves, da Hamburg Sud, empresa alemã do setor de transporte marítimo, observou que mantém uma visão positiva sobre o Brasil, mas que "ficaria muito feliz se pudesse ver relaxamento" nos juros e desvalorização do real.
De acordo com Furlan, os gargalos da infra-estrutura --em particular nos portos-- também ganharam destaque no encontro, a ponto de Lula prometer que passará a cobrar pessoalmente o andamento de obras de melhoria e de ampliação. Sobre a queda dos juros, disse o ministro, os empresários ouviram do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que há uma tendência de queda graças a uma sucessão de bons resultados da economia. O que Meirelles não disse aos investidores foi sobre a velocidade da queda.
- Essa informação, se há, não foi dada", resumiu Furlan
Promovido pelo governo federal, a 7a edição do encontro Brasil & Parceiros: Oportunidades de Investimentos, reuniu representantes de mais de 160 empresas, a maioria delas dos Estados Unidos, Alemanha, Itália e Japão. O objetivo do evento é atrair mais investimentos ao Brasil. Lula abriu a reunião, realizada num hotel da capital, falando sobre a preocupação do país em investir na integração física dos países da América do Sul e também dos números da economia doméstica nos últimos anos. Disse que a região é a nova fronteira do desenvolvimento e que o Brasil, sem pretensões de hegemonia, desempenha um papel importante para a abertura dessas oportunidades.
No país, segundo ele, já estão 400 das 500 maiores muiltinacionais do mundo.
- Essa é a hora de ampliar a parceria com o nosso desenvolvimento. Estamos convidando os senhores para investir para compartilhar a matriz energética mais limpa e sustentável do planeta no século 21 - disse Lula, ao mencionar as hidrelétricas, a produção de álcool e o programa do biodiesel.
Nos encontros anteriores, todos realizados no exterior, o Brasil conseguiu atrair investimentos totais de 10 bilhões de dólares, segundo a assessoria da Presidência d